quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Café com Siéllysson entrevista o jovem fotógrafo Ricardo França



 Entrevista 02



Seu nome é referência na moda e na fotografia, Ricardo França é mais um santa-ritense que faz a diferença na cidade.

SIÉLLYSSON - Qual é a sua formação acadêmica?
RICARDO FRANÇA - Sou formado em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande.

SIÉLLYSSON -  Quando surgiu sua paixão pela fotografia?
RICARDO FRANÇA - Eu sempre fui interessado pelas artes de uma maneira geral. Gostava de desenho, de música, de cinema entre outras coisas, mas foi só no terceiro período do meu curso que conheci a arte de fotografar.  Até então, não havia tido a oportunidade de conhecer os equipamentos e, não fazia ideia de quão interessante esta arte poderia ser.

SIÉLLYSSON - Você já fez imagens de nascimento, casamento, moda, natureza morta, cidades e tantas outras coisas, mas o que você mais gosta de fotografar?  E por quê?
RICARDO FRANÇA - Na verdade eu não tenho um tema preferido. Mas gosto muito de fotografar coisas que, de uma maneira direta ou indireta, se relacione com o que sinto. Muitas de minhas fotografias, aqui ou ali, têm relação com um sentimento meu. Há quase sempre uma identificação.

SIÉLLYSSON - De todo seu trabalho com fotografia, teve algum que tenha lhe emocionado?
RICARDO FRANÇA - Fotografar Salvador foi bem importante para mim. Foi uma viagem feita meio de surpresa e que me proporcionou passar alguns dias apenas pensando em fotografia. Além disso, como eu já disse, as fotografias que faço quase sempre carregam coisas que sinto ou que senti durante a realização da foto. Eu olho, sinto e clico. Se não sentir algo que mexa comigo, eu não clico. Em Salvador, eu vi coisas que os cartões postais e anúncios de TV não costumam mostrar. Pessoas simples e humildes, vagando para lá e cá, permeados pelo vazio que a comercialização turística deixa quando não é alta temporada.

SIÉLLYSSON - Em seu blog tem um espaço onde você se expressa sobre coisas diversas, como saudade, tesão, filmes, cenas que parecem ser congeladas, mas reveladas para os leitores. Você não acha que se expõe demais ao descrever seus sentimentos?
RICARDO FRANÇA - Eu acredito que não. Eu não tenho o que esconder e também não posso dizer que, necessariamente, o que está no blog tenha sido vivido ou sentido por mim. O "I've been thinking (tenho pensado) ... Vi, vivi, ouvi e criei" é um espaço onde eu pratico uma de minhas expressões artísticas. Não me acho um poeta, mas escrevo. Artisticamente, eu me considero múltiplo. Gosto de coisas diversas e aproveito as oportunidades que tenho para me expressar.

SIÉLLYSSON - Numa dessas anotações você cita que gosta de fotografar a natureza próxima a sua casa e conclui com a seguinte frase: "Minha pluralidade se satisfaz na minha ruralidade... e a minha ruralidade se satisfaz na minha pluralidade". Afinal, você é mais rural ou urbano? Qual é o seu estilo de vida?
RICARDO FRANÇA - Eu gosto da praticidade que uma cidade grande pode proporcionar e adoro a calma e a boa qualidade de vida que as zonas rurais proporcionam. Adoro João Pessoa e amo Santa Rita, apesar de João Pessoa não ser uma cidade tão grande assim e Santa Rita não ser uma zona rural propriamente dita. Gosto de coisas diversas e não tenho uma regra para as coisas. Se me faz bem é bom. Sou meio sem regras e definições preestabelecidas, apesar de me entender completamente bem inserido nestas "indefinições".

SIÉLLYSSON -  Você já fez fotos lindas do Rio de Janeiro, Salvador e, no seu trabalho de término de curso, fotografou a cidade de Santa Rita. Que influência e importância a cidade de Santa Rita tem em sua vida?
RICARDO FRANÇA - Santa Rita é bastante importante. Passei mais da metade de minha vida aqui. Vivi coisas na minha infância que estão muito relacionadas com a história do meu país. Meu avô trabalhou em usina de cana de açúcar e, quando comecei a estudar história na escola, ouvia e lia que a cana de açúcar foi umas das forças motoras para a construção do país. Muitas vezes, durante as aulas, me lembrava de momentos marcantes em minha infância. Brincar em meio a canaviais, entre máquinas de moer cana, atravessar o Rio Paraíba quase que diariamente entre outras coisas são lembranças que marcaram. Eu me orgulho de ter vivido isso.  Minha família, minha melhor amiga e alguns de meus sonhos pessoais e profissionais estão voltados para esta cidade. Tem como ela não ser importante?

SIÉLLYSSON - O que lhe traz inspiração para uma sessão fotográfica? Você é do tipo que vai vendo e fotografando ou pensa antes o que vai imortalizar pela lente?
RICARDO FRANÇA - O processo de fotografar depende do que eu pretendo ou preciso fazer. Quando tenho tempo, eu elaboro ideias prévias para executar durante a sessão. Quando não há tempo e tem de ser feito, eu me apoio em fundamentos da técnica e o bom uso do olhar. Afinal de contas, sem ter um bom olhar, a técnica não me serviria de muita coisa. Apesar de ter falado em técnica, eu tenho de dizer que a fotografia para mim é algo que vai além. Ela registra e serve de "documento", mas eu busco sempre pensar na fotografia como uma expressão artística e, na arte, mais vale a intenção e o que ela causará, que os meio que foram utilizados para chegar ao resultado final.  Sou disperso em se tratando de saber sobre equipamentos, termos técnicos disso ou daquilo ou o nome de um grande fotógrafo aqui e acolá. É certo que o conhecimento vasto sobre fotografia é necessário, mas não dá para eu buscar intenções artísticas autênticas me guiando única e exclusivamente em referências preestabelecidas. Eu gosto de me sentir livre.

SIÉLLYSSON - Você hoje tem uma loja de camisas com sua marca "difrança" Por que você dedicou-se a moda e qual é o seu estilo?
RICARDO FRANÇA - Eu sou um ser múltiplo e sempre gostei de conhecer e buscar saber sobre várias coisas. Não diria que tenho um estilo, pois sou bastante avesso à amarras. Eu gostava de desenhar e, assim, fui desenvolvendo desenhos de roupas. Depois de minha graduação, em 2006, até cheguei a estudar em um Curso de Especialização de Figurino e Carnaval, no Rio de Janeiro, mas acabei desistindo.  Hoje, trabalho bastante com artes gráficas e este foi o principal motivo para eu me aproximar da moda. Nesta, eu trabalho com camisetas e faço delas minhas telas. Crio as artes e as utilizo como estampas para os produtos da difrança.

SIÉLLYSSON - Você está com algum projeto no momento ou tem algum que esteja para ser lançado?    
RICARDO FRANÇA - Ainda não tenho nenhum projeto publicado. Não havia tido tempo nem me dedicado a um projeto específico. Mas, agora, estou trabalhando em um projeto que culminará com um livro. Nele, eu vou unir a poesia com fotografia e será lançado até dezembro deste ano.
As imagens acima são autofografias de Ricardo França retiradas do seu orkut.

Conheça um pouco mais sobre o trabalho de Ricardo no seu novo blog:
www.cadumzao.tumblr.com
(Ricardo França hoje faz fotos, deixou a marca Difrança de lado e reside em Santa Rita, mas sua casa é o mundo, as imagens)

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