domingo, 17 de maio de 2015

Siéllysson em Documentário


Ricardo França especialista em Arte e Mídia, já trabalhou com edições de jornais, fotografias, produções artísticas e gráficas, agora se aventura em um novo canal para o Youtube, realizando mini documentários sobre artistas locais tanto que o nome dado ao canal é TV Tibiri. Segundo ele "é um catálogo que estou fazendo de artistas".
Siéllysson Francisco foi o segundo entrevistado. O resultado você pode ver aqui:


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Café com Siéllysson, 2ª parte com Martha Falcão

Entrevista 31
Parte II

Nesta segunda parte da entrevista Martha Falcão abre o jogo e fala da sua frustração na política local, de sua candidatura em 2004, dos motivos que a levaram a escrever sobre Argemiro de Figueiredo, de sua relação intelectual com o comunista Davi Falcão, de sua infância e da relação familiar e com o feminismo. E não mete palavras para falar da política municipal.


SIÉLLYSSON - Em “Nordeste Açúcar e Poder” a senhora volta-se para o poder das oligarquias e a oposição desta como seu pai, os comerciantes e operários como Davi Falcão que foi preso e torturado na Intentona Comunista de 1935 durante o governo de Argemiro Figueiredo. Por ser Davi Falcão seu primo, houve um desejo pessoal de estudar o governo de Argemiro em seu Doutorado?  
MARTHA FALCÃO - Quando eu era pequena meu pai fez muitos comícios com Argemiro de Figueiredo, aquele homem magro, pálido, que ninguém dava nada por ele, mas quando ele abria a boca era um notário orador, era um homem de posições firmes, mas que comungava do poder; muito embora, tenha sido o único deputado da bancada dele a ter  se posicionado contra o Golpe de 1964 ficando do lado de João Goulart; era o único representante da Paraíba que estava na bancada e a ter essa atitude. Era um homem de atitudes firmes, mas era um conservador.
Eu era uma menina de 6 à 7 anos que ficava encantada com as bandeiras e com o discurso dele, tudo isso me marcou na infância. Mas depois de grande eu me tornei uma pessoa compulsiva por livros, na época Santa Rita só tinha uma biblioteca, que era “Américo Falcão”, que funcionava onde hoje é a Secretaria de Educação, ela foi fundada por Flávio Maroja que fez um prédio específico pra ela. Eu ia pra biblioteca que meu pai me levava com medo que eu fosse atropelada, nessa época meu pai era fiscal da prefeitura, mais adiante ficava a casa do meu primo Davi que tinha uma excelente biblioteca. Quando eu esgotei os livros da biblioteca Américo Falcão que eram compatíveis com minha idade meu pai me levou pra Casa do meu primo Davi, que era proprietário embora fosse funcionário da Fábrica Tibiri em um cargo burocrático por ser altamente competente. Na biblioteca dele eu tive acesso a vários clássicos da nossa literatura. Davi conversava muito comigo e dizia a papai que eu ia longe que valeria a pena estingar, investir. Quando atingi a idade do Ginásio eu li a “Revolução Russa”, “O ABC do Comunismo”, “O Estado e a Revolução”, meu pai achava que se não tivesse nada de sexo que despertasse antes do tempo, as coisas da política eu poderia ler. Davi partilhou parte a sua vida comigo principalmente sua visão comunista, pra minha mãe era melhor ser um leproso do que um comunista, mesmo sendo ela prima de Davi, não via com bons olhos minha aproximação com ele. Ela repetia muitas vezes que tinha medo que eu me tornasse comunista.  Então, a resposta pra sua pergunta seria talvez as duas coisas, por eu saber da luta dele (Davi) que fundou o sindicato juntamente com outros como Boca, Tomás. Ele era comunista, era uma pessoa magnânima, pra você ter uma ideia a mesa dele ia de ponta a ponta onde todo mundo comia, trouxe muita gente da praia de Fagundes pra estudar aqui, uma delas foi minha prima Vera, e, a admiração ao estadista Argemiro que reforçou com a minha vivência em sua terra, Campina Grande, tudo isso influenciou mas não me deixei abalar pela questão ideológica. Apesar de ter uma experiência diferente da dele, não deixo de admirá-lo como homem público, homem íntegro e grande administrador.
SIÉLLYSSON - Pelo que vejo a senhora era uma leitora assídua das bibliotecas...
MARTHA FALCÃO - Minha mãe achava que eu não era uma menina normal, pois nas férias na praia em vez de brincar ficava dentro de uma rede com uma danação de livros, certo dia me levaram pra fazer uma consulta no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira até que o médico Gutemberg Boteiro disse “sua filha não tem nada” . Havia casos de loucuras na família de mamãe; ela achava que quem estudava demais terminava assim (risos). Certa vez minha mãe veio com um compadre pra ver se eu estava mesmo estudando na biblioteca do Estado num dia de chuva, achando que eu estava no cinema namorando. Ela não acreditava que uma pessoa de 19 anos ficava socada dentro de uma biblioteca lendo. (risos)

SIÉLLYSSON - Seu pai foi prefeito de Santa Rita por duas vezes em campanhas dificílimas por ser oposição a UDN que dominava na política local. A senhora tentou uma carreira política na eleição de 2004 e desistiu de continuar na política. Por quê?
MARTHA FALCÃO - Eu tive uma ínfera votação. (risos)
SIÉLLYSSON - O que a senhora tirou de lição dessa experiência?
MARTHA FALCÃO - Por ter passado 20 anos numa comarca eu tive que organizar um fichário das pessoas que atendi procurei por eles nesse momento. Eu achei que com o trabalho da Comarca, do trabalho que eu desenvolvi no Lions Club e como educadora me ajudaria. Elaborei ideias e pedi aos meus colegas professores, mas não havia uma consciência de classe, a categoria de magistério é muito desunida. E meus constituintes quando eu cheguei ou eles já tinham candidatos ou iam voltar no clientelismo de uma candidata que tem lá que polarizava tudo e que vivia distribuindo remédios porque tinha a prefeitura nas mãos. Então, eu não encontrei guarida, mas ainda tive sem comprar voto nenhum, dado de reconhecimento 172 votos. Dentro do meu clube têm companheiros que nem me deram nem o seu voto isolado. Decepcionada eu achei que Egídio Madruga tinha razão, ele disse que minha vez foi quando eu fazia campanha pra Everaldo, pra meu pai. Eu era a única mulher a subir no palanque e discursar e que tinha um eleitorado seguro. Era pra ter me candidatado ali, mas meu pai, por uma questão de ética, dizia que era feio colocar a filha pra se candidatar e tomar a vez de outros. A minha vez era ali, quando voltei era tarde demais.
 SIÉLLYSSON - Já que a senhora falou dessa questão de ser a única mulher a discursar nos comícios do seu pai, Simone de Beauvoir diz que “foi uma mulher dentro de uma sociedade de homens” como a senhora se ver dentro de uma sociedade dos homens ou a sociedade já não é mais dos homens?
MARTHA FALCÃO -  O mundo já não é mais dos homens há muito tempo. Eu tenho um trabalho chamado “Mulheres em Macha” publicado na revista do IHGP, nesse trabalho eu mostro a poetisa Safro (524 a. C.) ela era da classe dominante na Grécia e seu pai deu a ela uma ilha; na Ilha de Lésbia ela fundou uma escola educar para mulheres. Ela foi à primeira mulher a dizer que as mulheres só chegariam ao mesmo patamar dos homens quando tivessem a mesma educação dos homens, porque não era dada essa oportunidade. Quando eu voltei do meu doutorado eu fiz questão de trabalhar com mulher. E o que me inspirou muito foi o livro de Jofilly “Revolta e Revolução 50 anos depois” é o primeiro livro da história da Paraíba que toca na questão do sufrágio mulher. As duas grandes Guerras e a Revolução Russa que tiraram a mulher do ambiente do lar pra desempenha as funções dos homens, muito embora essas mulheres não fossem as analfabetas, as que eram continuaram analfabetas, mas eram mulheres da classe média que estavam ocupando funções dos homens. Na UFPB criei muitas pesquisas para o CNPq para que meus alunos pesquisassem a omissão das mulheres na historiografia paraibana.
Simone de Beauvoir disse que não se nasce mulher torna-se mulher. Eu creio que as mulheres tomaram consciência de si no momento em que elas passam a conviver com os homens no trabalho como foi na Revolução Industrial. Elas passam a se perceber tão capazes quanto os homens, ela se viram como atores sociais fora do contexto do lar, isso é no primeiro momento, depois a própria educação vai se expandindo. Em 1919 vem o movimento chefiado por Bertha Lutz que funda a Federação Brasileira para o Progresso Feminino. Há muito tempo as mulheres conseguiram muitas vitórias. A década de 1920 alavancou a industrialização e a mulher esteve presente nesses movimentos e a consequência disso foi a mulher sindicalizada.(...) Ainda existem crimes institucionalizados contra a mulher no mundo oriental nos dias de hoje.
SIÉLLYSSON - Em 1999 assessorou o trabalho “Santa Rita: cidade das águas”, em 2007 prefaciou o meu livro sobre o patrimônio de nossa cidade. Como a senhora ver o cuidado municipal e estadual para como este conjunto arquitetônico?
MARTHA FALCÃO -  Acho lamentável que a gente tenha feito tanto esforço, como você com seu livro, eu com um inventário sobre todo este patrimônio, entreguei pra a Secretária de Cultura na época a secretária era Solange; ela se interessou mas não recebeu apoio nenhum. A gente sabe que de lá pra cá as pessoas quem ocuparam a secretaria, com raras exceções, mal sabem o que é um projeto e nem sabem que o Ministério da Cultura e o Ministério das Cidades têm tanto dinheiro. Infelizmente enquanto Santa Rita tiver essa política de clientela, enquanto Santa Rita fizer das secretarias balcões de negócios, enquanto o poder público dividir com os secretários das verbas federais que isso é uma constante,  - não vou dá nomes aos bois nem vou generalizar - , enquanto Santa Rita tiver gestores que não se cerquem da meninada que tem em Santa Rita jovem, formada. Santa Rita é um celeiro de grandes pessoas. Eu tenho orgulho de dizer que por mim passaram muitas pessoas de valores, você é um deles, Erick Meneses entre outros. Não quero cometer injustiça, foram tantos e tantos. Enquanto os gestores não se cercarem de pessoas capacitadas, enquanto eles se cercarem de pessoas desonestas o destino do patrimônio é desaparecer.
SIÉLLYSSON - O autor do livro “Antes que amanheça” Reinaldo Arenas disse “A pátria de um autor é a folha em branco”. Qual é a pátria de Martha Falcão?
MARTHA FALCÃO - Tolstói que é meu ícone ele disse “Canta tua aldeia e serás universal”. A pátria da Martha Falcão será sempre o local que um dia foi o povoado de Cumbe, ali é minha pátria, minha folha em branco.
A senhora é advogada aposentada e professora da UFPB aposentada. A senhora acha que a aposentadoria é essencial para desfrutar da família ou a senhora gostaria de está produzindo dentro da academia?
MARTHA FALCÃO - Não. Eu vim de um ambiente de muita falta de companheirismo. Passei 5 anos em campina Grande e é realmente a cidade do trabalho. Aqui quando tem greve as pessoas vão à praia. Greve é pra também se produzir, pra dar mais assistência aos alunos era assim em Campina Grande, pressionam a reitoria pra abrirem a biblioteca pra que os alunos tenham livros. Eu acho um crime inominável um aluno ficar 4 meses é sem direito a pesquisa na biblioteca, foi o que aconteceu aqui (UFPB) nem estavam em greve , mas a biblioteca parada. Para concluir: eu senti falta das lições de vida que tive em Campina Grande. Mas aqui havia muito desunião. Aqui questões partidárias influenciam nas relações e eu procurava resguardar essas coisas até por respeito aos meus alunos. (...) Não sinto falta da academia, meus alunos sempre me procuram.
SIÉLLYSSON - Em 2012 a senhora fez o Centenário do seu pai, Antônio Teixeira, sabemos da importância dele na política local; no ano de 2014 a senhora fez o centenário de sua mãe. O Objetivo era mostrar a importância dela em sua vida?
MARTHA FALCÃO - Não. A importância dela na vida dele. Acho que as mulheres são muito esquecidas. As pessoas dizem que por trás de um grande homem há uma mulher, eu não acho, acredito que do lado de um grande homem vem uma mulher. Senti-me muito honrada por uma grande parte da sociedade estar ali, os amigos delas. Senti-me muito honrada por relembrar uma grande mulher, tolerante que apesar de ser evangélica muitas vezes acompanhava meu pai em várias cerimônias religiosas, caridosa. Na rua em que ela morava havia um respeito muito grande entes os moradores, se tratavam como uma família, ninguém se maltratava, se ofendia por questões políticas como hoje em dia.
Como a senhora avalia a importância do seu pai para a cidade de Santa Rita?
MARTHA FALCÃO - A importância de meu pai na cidade foi por ter sido um homem que investiu muito na saúde e amava o Bairro Popular, chamava de “meu cuscuz”. O Bairro Popular amava tanto ele porque ele terraplanou, construiu os primeiros calçamentos ali, trouxe a energia e construiu as primeiras escolas. Ele teve preocupação de fazer convênio com os hospitais quando não tinha hospital público aqui quando não tinha INANP. Fez a saúde ambulante, itinerária que saia pela zona rural com médicos e dentistas, depois dele não houve mais. A preocupação de viajar para falar com Jofly e  pedir apoio a João Goulart para não esquecer de Santa Rita na campanha de SANDU, e Santa Rita ganhou o seu SANDU.
SIÉLLYSSON - A senhora não acha que falta um memorial em Santa Rita, um espaço pra lembrar dessas pessoas, da história daqui?
MARTHA FALCÃO - Falta sim. Eu fiz um projeto e entreguei a Mirtiz. Ela achou melhor achar comprar aqueles quadros que enfeitam por lá (prefeitura). Eu levei todo material fotográfico e eu tinha o apoio de Arimatéia Santana que ia doar as imagens dele também. Nesse tempo Viégas ainda estava vivo e me disseram que Marcos Odilon tinha comprado todo o acervo de Viégas.
SIÉLLYSSON - Que eu saiba não comprou, professora. O filho de Viégas estava recentemente digitalizando as imagens e tinha um projeto de lançar em Photo-book.
MARTHA FALCÃO - Ah, que notícia boa. Ele vai vender e tornar e tornar público. Quem me falou que compararia o acervo foi o próprio Marcos Odilon no IHGP. Lá de casa somente eu falo com Marcos Odilon. Papai estava na Prefeitura foi buscar os vencimentos dele quando Marcos Odilon agrediu meu pai, ofendendo de tudo o que não presta e expulsou-o de lá. Papai já estava preocupado com a minha cirurgia, abalado porque tinha resolvido cumprir uma promessa que fez a mulher dele, de enterrar os restos mortais dela na praia, isso tudo abalou meu pai e dois dias depois das desmoralizações meu pai enfartou.
SIÉLLYSSON - A senhora foi advogada, professora universitária, publicou suas pesquisas, constitui família. Sente-se uma realizada ou ainda tem muita coisa pela frente para fazer?
MARTHA FALCÃO - Se o Nosso Senhor Jesus Cristo me permitir que eu ainda publique tudo o eu tenho feito, se não for também não tem problema, sou uma mulher muito plena, tive uma família muito boa e que me influenciaram. Depois tive o prazer de casar com um homem que também tinha as virtudes do meu pai. (Ela se emociona ao falar do seu pai) (...) Meu pai certa vez me disse: “você vai manter seus irmãos unidos e vai zelar por minha memória pra que eu não seja esquecido. Prometa que não vai me enterrar em Fagundes, eu quero ser enterrado em Santa Rita, que me deu muito mais do que eu precisava.” (...) Eu pude comprar a casa dos meus pais, dos meus avós, restaurei só não pude morar lá. É como ter um filho e dar pra outra pessoa.(...)
A entrevista prestou?
SIÉLLYSSON - Foi plena!






domingo, 15 de março de 2015

Café com Siéllysson entrevista a historiadora Martha Falcão



Entrevista 31 
Parte I


Filha do ex-prefeito de Santa Rita, Antônio Teixeira, Martha Falcão é uma historiadora renomada, foi procuradora da Prefeitura de Santa Rita, advogada trabalhista em Lucena, professora da UFPB. Nesta entrevista ela fala de sua experiência acadêmica, suas lembranças e suas obras literárias.

SIÉLLYSSON – A senhora exerceu sua advocacia por anos em Santa Rita e já era da Educação. Em qual dessas duas profissões lhe deixou mais realizada?
MARTHA FALCÃO - Eu acredito. Uma das coisas importantes da vida é o lugar onde fomos criados, além do DNA, eu acredito na genética, então eu tive uma bisavó que não pode estudar, era uma mulher só analfabeta, mas ela colocou uma espécie de estúdio, escritório, um espaço onde ela ensina as pessoas da praia de Fagundes a fazer cochas de crochê, de artesanato, de rendas,  de tudo o que ela pode ensinar as pessoas. Ela se sentia professora, além das palestras que ela dava para s mulheres que iam se casar, dando conselhos de higiene de economia doméstica. Nem por isso Dona Bela (Liberalina) deixou de ser uma educadora. Então, eu acredito que a parte da genética de Dona pesou muito em mim, porque desde pequena o meu sonho era ser professora. Mas acontece que eu já tinha em casa 5 anos mais velha do que eu minha irmã que fez o curso de história, mas nunca gostou de ensinar, então se realizou como administradora, foi administradora do INASPS naquele tempo, aposentou-se em outra função, é minha irmã Vicentina.
Então, eu não podia dizer a meu pai que ele ia ter novamente uma filha professora. Para meu pai só existiam três profissões que ele como político adorava. Ele tinha o sonho de ter um filho médico, de ter um engenheiro ou advogado. Eu não tinha vocação para as duas carreiras, mas sim para a terceira. Depois prisão do meu pai, eu estava fazendo o clássico (o antigo Ensino Médio) quando ele foi preso, me preparando para entrar na Universidade. Então, isso pesou para que eu escolhesse o curso de Direito. (Antonio Teixeira foi preso pelo regime militar) Fiz vestibular com uma turma de cinquenta alunos na Universidade Federal, naquele tempo só tinha 50 vagas. E tive a honra de ter sido aprovada em terceiro lugar e ser a primeira das mulheres. Também tive a honra de ser acompanhada por dois contemporâneos meus, Dr. Reginaldo Antônio de Oliveira, hoje é juiz aposentado, é escritor, é poeta e Dr. Reginaldo Pereira que recentemente ocupou a prefeitura de Santa Rita. Mas, nunca deixei de ser professora.
Imagem de Antônio Teixeira disponível na internet


SIÉLLYSSON - A Senhora começou sua carreira profissional como professora?
Sim. Meu primeiro emprego foi quando eu tinha 17 fui auxiliar uma grande educadora santarritense Clara Peregrino Bezerra, chamada Dona Caluzinha. Então, com Dona Caluzinha eu aprendi muito e tomei gosto pela Educação. Ela era uma educadora de corpo e alma, que anos mais tarde homenageamos no Lions Clube com uma biblioteca, no Projeto que idealizei “Leitura e Cidadania na Comunidade”, a biblioteca em sua homenagem ficou na Escola Municipal Odilon Ribeiro, em Tibiri II.
Eu fiz o Curso de Direito; passei 20 anos na Comarca de Santa Rita, 15 foram no Tribunal de Jure, tive uma experiência muita boa como defensora; aprendi com as pessoas carentes a ser mais humilde e ver o outro lado da vida. Apesar de não ser uma vocacionada, eu procurei fazer o melhor de mim. Passei 5 anos na Vara da Família, ajudei muitas pessoas na questão de alimentação, caso de brigas conjugais. Mas, a minha grande vocação é como professora.
Dona Caluzinha - Acervo: Photos Viégas, imagem disponível na internet

SIÉLLYSSON – Em algum momento pensou em deixar o curso de Direito para seguir na Educação?
MARTHA FALCÃO - Certo dia eu tomei a decisão de deixar o curso de Direito; sabia que não ia ter apoio nenhum em casa, então, tive ajuda de uma grande educador, hoje é Educador Emérito, o professor Afonso Pereira, saudosa memória, o criador das escolas Padre Ibiapina, criador da Universidade Federal da Paraíba, um dos fundadores do Curso de Direito aqui. Ele me chamava de Ariana, porque ele era encantado porque eu tinha o cabelo bem grande, louro e os olhos claros, ele também era um tipo alemão. (tenta imitá-lo) Ariana, Ariana... (risos) eu perdi o meu nome – São questões do amor? Não. São questões profissionais. Por que você está tão triste? Isso no primeiro ano de Direito. Aí eu disse: porque, professor, estou muito decepcionada com a maneira de o meu país fazer justiça e eu quero deixar esse curso. Ele: Minha filha, você é uma das melhores alunas do curso, apaixonada por direito romano, e por que você está assim? Respondi: Estou traindo minha vocação. Eu queria escrever, ser escritora, ser historiadora e eu sei que o caminho é outro; tenho que fazer o curso de História. Aí ele me disse: Faça o seguinte, minha filha, vivemos no país dos bacharéis, você faz seu curso de Direito, assegura sua sobrevivência, depois você faz o curso que você quiser. Não esqueço nunca desse conselho. No penúltimo ano, eu conheci o amor da minha vida, abandonei céu e terra, preconceitos de todas as espécies; uma moça loura de olhos claros de uma família branca tradicional casar com um homem de ascendência e descendência negra. Mas, aí meu marido era um homem que era admirava em todos os sentidos, era homem já vivido. Minha família alegava isso, que ele era um homem mulherengo, para não admitir o preconceito de cor. Meu pai dizia a minha mãe: “Não adianta fazer drama porque a minha filha já fez a escolha dela.” Então contrariei a todos casei sem terminar meu curso, engravidei depois. Meu marido me deu todo apoio, eu terminei meu curso. Fui ser procuradora da Prefeitura de Santa Rita, fui ser advogada trabalhista em Lucena e fui fazer Especialização em História.

Martha Falcão com seu esposo (in memoria) no lançamento do livro "Santa Rita, a herança cristã do real ao Cumbe. Acervo do autor. Autoria da imagem: Thiago Costa Meireles

SIÉLLYSSON - A senhora sentiu preconceito em Pernambuco? Até porque sempre existiu certa disputa entre esses dois estados, talvez porque a Paraíba esteve em um momento de sua história submissa politicamente a Pernambuco...
Durante muito tempo Pernambuco foi capitania hegemônica da Região nordeste. Hoje é que Pernambuco disputa o seu poder econômico com Rio Grande do Norte, mas isso veio com a descoberta do petróleo. Antes quando se viviam do porto, de comércio, da agro- exportação Pernambuco dominou e foi hegemônica em todo nordeste, disputando a cana de açúcar somente com Alagoas, depois cresceu muito Ceará, Rio Grande do Norte tornou-se petrolífera, Sergipe também, e hoje vivem disputando em igualdade, mas Pernambuco tem o seu valor e cultural, histórico, foi uma capitania que ajudou a duas demais capitanias, primeiro ela comandou a conquista da Paraíba, e como a Paraíba ajudou a conquista do Rio Grande do Norte. Então, isso criou no pernambucano um orgulho de superioridade, inclusive a partir de 1817 quando houve a revolução regionalista republicana que é um dos movimentos mais importante da libertação do Brasil de Portugal; um movimento pioneiro que contou com o clero, com as classes paupérrimas. Este movimento é mais popular do que a inconfidência mineira (ela está tratando de popular no sentido de ter atingido um número maior de pessoas pobres). E os pernambucanos escreveram um livro “A história da Revolução Pernambucana” e o que eu procurei no meu trabalho de 1817 foi justamente mostrar que Pernambuco não fez a Revolução de 1817 sozinho. Teve o apoio de Alagoas, parte do Ceará, e, sobretudo, a Paraíba, se não fosse esta eles não teriam chegado lá pra dominar.
Chegou uma época, isso falo no meu livro, que os estudantes não tinham um curso preparatório, os ricos iam pra Coimbra, pra França, dependendo dos recursos financeiros dos pais, isso só quem era ligado à exportação podiam fazer, ou eles iam para uma escola de artífices ou liceus, porque só tinha o ensino médio para quem tinham condições de estudar na Europa ou em Pernambuco. Então, chegavam lá, os paraibanos eram muitos humilhados. É tanto que Pernambuco tem que é deles e ainda quer tomar o que é dos outros, pelo fato de Ariano Suassuna ter sido criado em Pernambuco; se Ariano ficasse calado eles tomavam ele de nós, mas Ariano diz logo que é de Taperoá, na Paraíba, entre outros artistas.

SIÉLLYSSON - Mas a senhora sentiu o preconceito na pele?
Certo dia eu vinha no elevador com uma amiga, saudosa memória, estávamos vindos da aula de Sociologia da Cultura, fomos os únicos dois (A)s da turma no mestrado em História, duas paraibanas. E quem ensinava a disciplina era um sociólogo renomado que fez um trabalho reconhecido no Brasil todo, por ter estudado o Rio São Francisco, Hobidias Moura, saudosa memória, e ele colocou o grau de excelência em nossos trabalhos, o que corresponde ao conceito A. Na mesma semana recebemos um trabalho de Ariano Suassuna sobre os Sertões de Euclides da Cunha, novamente tiramos “A”, eu e Maria Santana.
Apesar de ter alagoanos e de outros estados, o preconceito era maior para com os paraibanos. Naquela época só tinha o mestrado de história em Pernambuco, depois é que se criou na Bahia. Então, eles (os pernambucos) ficaram com aquele “A” atravessados na garganta, na primeira oportunidade em que eles chegaram ao elevador com a gente, disseram “É danado mesmo duas paraibanas são as únicas que tiram “A” logo em duas disciplinas importantes no Curso de Mestrado. Mas, a Paraíba é terra de mulher macho” deram uma gargalhada debochada, aí eu respondi: “Agora você imagine os homens de lá.” (risos).
Eles (os pernambucanos) têm um ar de superioridade que acho que é uma herança cultural do povo polarizador, de tudo o prestígio que eles disputaram no Período Colonial.

SIÉLLYSSON – A senhora é autora de “Nordeste, Açúcar e Poder” e “Poder e Intervenção Estatal” Em sua opinião qual é o melhor dos dois trabalhos?
O “Nordeste, Açúcar e Poder” foi um livro que fez parte de um projeto de nível nacional,  num período em que todas as universidades federais inscreveram seus trabalhos e na área de História o meu foi escolhido para o Centenário da República e o Bicentenário da Revolução Francesa, então no governo de Sarney (1985-1990)houve essa preocupação de comemorar com o CNPq auxiliando o lançamento de livros nas Universidades, desde que essas entrassem com a co-edição. Então, eu tive a grata surpresa de receber do Prof. Jhofflin Arruda a notícia desse projeto que tinha como títulos “liberdade, liberdade abre as asas sobre nós”.
Eu tive grata satisfação de ver meu livro escolhido e devo muito ao Professor José Octávio, porque minha dissertação estava pronta, mas não havia nem defendido, ele tirou uma cópia e inscreveu. Mas, eles me propuseram modificar o título do trabalho para “República, Açúcar e Poder” eu disse que não, que tinha muito orgulho de ser nordestina e nos dois primeiros capítulos eu escrevi da Colônia a República sobre as bases da formação nordestina para poder entrar propriamente no assunto de caso que é a Oligarquia Açucareira na Paraíba, focando no meu município que é Santa Rita. Então, eu acho que por ser uma publicação de nível nacional pelo CNPq. Porém, acho que na época eu era muito verde e não tinha maturidade pra ser uma marxista, só consegui um orientador na área de sociologia e que se ele veio muito na Paraíba foram duas vezes, por não conhecer muito sobre a Paraíba ele só elogiava então metodologicamente o trabalho não saiu perfeito, pegamos uma editora dando seus primeiros passos. Ele ficou com algumas falhas, mas acho que ele é um livro de 10 anos, história de uma vida. Entrei no curso em 1980 e só consegui defender em 1990. Entrei no curso quando tinha perdido meu pai. Este livro tem várias pessoas que me inspiraram incluindo o Padre Paulo Kollen e meu primo comunista Davi comunista.
Quando eu fiz o segundo livro já estava mais amadurecida e tive uma orientadora perfeita em metodologia que é a Drª Rosa Godoy. Chorei muito quando recebi a “Distinção” no doutorado lembrando as injustiças que me fizeram no mestrado. Então, no meu segundo a capacidade de síntese é maior, mas em termo de valor histórico eles são iguais.

SIÉLLYSSON - Em “Nordeste Açúcar e Poder” a senhora volta-se para o poder das oligarquias e a oposição desta como seu pai, os comerciantes e operários como Davi Falcão que foi preso e torturado na Intentona Comunista de 1935 durante o governo de Argemiro Figueiredo. Por ser Davi Falcão seu primo, houve um desejo pessoal de estudar o governo de Argemiro em seu Doutorado?  
(A resposta desta pergunta e toda a sua história com o revolucionário Davi Falcão, as lembras dela sobre Argemiro Figueiredo estará na segunda parte desta entrevista. Aguardem!)

quarta-feira, 11 de março de 2015

Cinema no cafofo para Glaúcio Souza





 No dia 27 de janeiro de 2015 o prof. Siéllysson realizou em sua residência (cafofo) uma homenagem ao cineasta santarritense Gláucio Souza, exibindo seu filme "Vasto Mundo", o documentário "Essas Senhoras" e trechos inéditos da sua última entrevista que Gláucio concedeu ao prof para a sessão do blog "Café com Siéllysson". A noite foi abrilhantada com a presença do pai do cineasta e com os comentários da agitadora cultural Sandra Alves que segundo ela "Todos ganhamos quando as ações são coletivas, quando acreditamos nos nossos e fortalecemos a nossa base, nosso trabalho se for aplaudido na nossa casa, certamente o vizinho ouvirá." 
Siéllysson pretende outras sessões de cinema e pipoca no Cafofo, homenageando outros artistas santarritense. 
Veja o filme disponível no Youtube
Assista também o documentário "Essas Senhoras"
Assista um trecho da entrevista com Gláucio no "Café com Siéllysson"

Vejam as imagens da sessão de cinema no Cafofo
trechos da entrevista de Gláucio Souza foi exibida

Material explicativo sobre a obra dela e trechos da entrevista foi entregue na sessão

Conheça mais sobre Gláucio Souza: http://siellyssonfrancisco.blogspot.com.br/2014/02/entrevista-com-o-cineasta-glaucio-souza.html

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Café com Siéllysson entrevista o teatrólogo Jacinto Moreno




Entrevista 30


Ele nasceu em Tenente Ananias no Rio Grande do Norte, mas adotou Santa Rita em seu coração, paixão esta que gerou filmes em nosso município, montagens de grupos teatrais, ministrou cursos e levou o nome da cidade para Portugal por meio do seu premiado filme “A Aparição” e “Cova da Iria”. Jacinto Moreno é o entrevista de Café com Siéllysson.


Depois de meses guardada finalmente lanço a entrevista do teatrólogo e cineasta Jacinto Moreno, peço desculpa aos leitores do blog e ao artista que esperou pacientemente por mais uma de tantas entrevistas dadas a blogs, jornais, televisão... Meu sincero pedido de desculpa e meu eterno agradecimento a este homem que só engrandece nossa cidade.

SIÉLLYSSON - Quando despertou em você o interesse pelo teatro?
JACINTO - Desde criança eu ia pra o cinema, aí fui me despertando àquela curiosidade de ver as pessoas fazendo aquilo, então eu disso “um dia que quero fazer isso”. Foi lá em Souza onde tudo começou, começou da curiosidade de querer ser e fazer aquilo que os atores em cena faziam.
SIÉLLYSSON - Quantos anos você tinha na época?
JACINTO - Tinha meus 12 anos. Daí eu fui morar em Mossoró, no Rio Grande do Norte, mais ou menos em 1974 eu percebi que tinha um grupo de teatro por lá e ia ver. Vim morar em Patos, onde passei um ano, lá um primo meu fazia teatro, fiquei curioso e quando voltei pra Mossoró vi uma propaganda no SESC sobre “Plufts, o fantasminha” eu fui assistir o espetáculo, daí me apaixonei e não parei mais, participei em seguida como ator em vários espetáculos.
SIÉLLYSSON - Sua primeira participação no teatro foi por meio de uma peça criada por você ou foi de algum diretor?
JACINTO - Como ator eu fui trabalhar com um diretor Iremar Leite  que era diretor do SESC lá em Mossoró; trabalhei algum tempo com ele e por motivos de família eu tive que abandonar o teatro, meus pais não queriam, por isso, fui expulso do grupo, porque deixei três espetáculos inacabados. Fiquei na época muito chateado com meus pais, fiquei revoltado. Certo dia quando eu estudava na Escola Técnica de Mossoró me chamaram pra fazer uma peça, fiz um personagem do “O Pagador de Promessa” que era uma adaptação do texto de Dias Gomes. A partir daí foi quando eu comecei a montar meus espetáculos e pela primeira vez passei a desobedecer aos meus pais. Eu já era maior de idade de idade quando eu desobedeci aos meus pais, falei pra eles: “Olhem, eu vou fazer teatro, vocês me desculpem, mas eu não vou desistir não”. Foi aí que eu comecei a dirigir por necessidade em 1977 e um ano depois comecei a escrever espetáculos.
SIÉLLYSSON - O que é ser diretor por necessidade?
JACINTO - Eu senti necessidade de ser diretor porque eu não tinha um diretor pra dirigir os papéis que eu queria fazer. Como eu já tinha um pouquinho de experiência como ator, convoquei o pessoal e disse “Olha gente, eu vou dirigir este espetáculo.” E fiz a primeira direção, a segunda, e até hoje estou dirigindo. Graças a Deus (risos) porque adoro dirigir.
SIÉLLYSSON - Você já fez vários curtas e agora estreou seu primeiro longa. Quando o seu interesse passou do teatro pra o cinema?
JACINTO - Em 1984 eu vim morar em João Pessoa porque meu pai tinha adoecido, ele veio fazer um cirurgia. No finalzinho de 1984 a TV Globo esteve aqui em João Pessoa pra fazer a novela Vereda Tropical, eu tinha chegado há pouco tempo e, meu amigo Tarcísio Pereira que até hoje é meu amigo, me incentivou a fazer participação nas gravações, mas a TV só chamou quem tinha a carteirinha de ator de teatro, eu não tinha na época. Eu entrei por baixo da perna do cara lá e consegui entrar no ônibus e fui pra o Hotel Tambaú e lá me entrosei com o pessoal e participei de uma cena na novela. No teatro Lima Penante, no mesmo período eu estava com Fernando Merceeis começamos a montar o espetáculo que se chamava “O Arquiteto e o imperador da Síria” começamos ensaiar, mas sem diretor achamos melhor parar, daí eu tive conhecimento que Tarcísio estava montando um espetáculo “A Cabeça da Santa” e fiquei trabalhando com ele nesta peça e fiz outros espetáculos em seguida sob a direção de Tarcísio Pereira, como “Um dia serei Suzana”. Também trabalhei com Eliezer Rollin. Como eu já tinha alguma peça quando eu estava em Mossoró, aqui com a experiência eu montei meus textos “O Vaqueiro Nordestino” que era a história do meu avô, e não parei de escrever e montar meus textos.
FOTO  de  Tarcísio Pereira de 1985, disponível na internet.


SIÉLLYSSON - E o cinema? Quando você resolveu dirigir curtas?
JACINTO - Fui convidado pra fazer um filme “A Árvore de Marcação” (1999), veio uma equipe do Rio de Janeiro e foi pra cidade de Marcação e por meio de Fernando Merceeis foi feito o convite; eu trabalhei como ator e trabalhei na produção executiva do filme. Em 2000, Eu participei na época de três filmes de Carlos Darlin, depois fui convidado pra fazer O Meio do Mundo” de Marcos Vilar, fiz um filme de Joel Torquato “Transubstancial”, fui então, convidado pra fazer cinema na Paraíba. Daí fui pegando a técnica porque sempre fui curioso, enquanto o diretor estava ali preparando o equipamento eu pedia permissão pra eu me aprender, me aproximar mais deles porque eu já tinha pretensão de fazer o que eles estavam fazendo. Aproximei da equipe técnica, do diretor de fotografia e fui aprender como manusear e resolvi fazer os meus próprios filmes.
SIÉLLYSSON - Qual foi o primeiro deles?
JACINTO - O meu primeiro filme foi um documentário sobre o artista plástico Geraldo Correia aqui em Santa Rita. Entrei na Prefeitura de Santa Rita em 1989, desde então me apaixonei pela cidade, e sempre tive essa loucura de fazer alguma coisa em Santa Rita. O Documentário é “Geraldo por Geraldo” (2007) onde ele conta tudo da vida dele e suas exposições até mesmo no exterior, como ele gostava muito de Santa Rita terminou voltando. Em seguida eu fiz “Táxi” (2008) que é uma ficção, história de uma lenda urbana. Depois eu fiz “O Anjo e a Serpente” gravado boa parte em Santa Rita, com atores santa-ritenses, que conta a história de duas crianças que se apaixonaram e o pai perceber e manda o filho pra o seminário, gravamos na Capela de São Sebastião, em Tibiri Fábrica, gravamos também em Itabaiana.
Cartaz do filme "Táxi"

SIÉLLYSSON - Você trabalha muito com atores de Santa Rita, formou equipe de teatro aqui tanto de teatro quanto um grupo de atores para o filme “A Aparição”. Como surgiu essa paixão pela cidade?
JACINTO - Eu me apaixonei por Santa Rita desde que eu comecei a trabalhar aqui. Eu estava na Secretaria de Cultura, passei muito tempo trabalhando lá e hoje tô ainda, na época trabalhava com montagem de peças teatrais, ao mesmo tempo fazendo meus filmes, eu me senti na obrigação de trabalhar com meus alunos eram meus amigos também, e nada mais justo do que trazê-los pra trabalhar comigo no cinema, apesar de trazer atores profissionais de João Pessoa. Eu trabalho com profissionais, amadores e aqueles que querem contribuir com sua participação no cinema.
SIÉLLYSSON - E como surgiu a proposta de você trabalhar com a Série Televisa “Geração Saúde 2”?
JACINTO - A “Geração Saúde 2” saiu na internet  convocando pessoas para se inscreverem para um teste. Eu fiz primeiro na internet e fui convocado pra fazer o teste pessoalmente do papel do velho dono da barraca que tinha a preocupação de tirar os jovens das drogas, ele formava um time de futebol. Fui eu e Fernando Teixeira e passamos no teste, depois fiz outro teste e a diretora me escolheu pra o personagem. Fizemos a minissérie que são15 episódios, eu estou em 12.

Foto: com Fernando Teixeira de Jacinto disponível na internet
SIÉLLYSSON - “A Cova da Iria” é o curta do filme “A Aparição” que você fez recentemente, com este filme você participou de festivais no Brasil e foi para Portugal, como foi que se deu este convite para apresentar seu trabalho em Portugual no Farcume?
JACINTO - Eu tive uma sorte grande, não sei se foi pela temática também de um fato que se passou em Portugal. O filme “A Aparição” eu fiz uma versão da história original que se passou em Portugal na cidade de Fátima em 1917. Juntei atores de Santa Rita, de João Pessoa, filmei em Santa Rita em duas localidades, incluindo Várzea Nova; filmei também em João Pessoa. Foi meu primeiro longa metragem com 70 minutos, tive ajuda do Dr. Rosandro Aranha que fez participação no filme, juntamente com suas filhas. Aproveito aqui pra agradecê-lo, e a todos os amigos, atores que participaram.  Como já venho participando de Festivais por todo Brasil, eles aceitam curtas de no máximo 18 minutos, e no mesmo momento em que eu estava editando o longa “A Aparição” eu editei “Cova da Iria” para participar dos festivais. Nós ganhamos, graças a Deus, o Festival do SESC, aqui em João Pessoa, fomos participar do Festival de Boa Vista-PB FARCUMI em nível internacional e fomos premiados para exibir nosso filme em Portugal, (Festival que aconteceu em 27 a 29 de agosto de 2014). Já estamos com outra classificação no Festival Farinha, já em nível internacional.
SIÉLLYSSON - Você leva o nome da cidade de Santa Rita pra o Brasil todo, agora para Portugal, você recebeu em algum momento apoio financeiro da Prefeitura pra isso?
JACINTO - Em 2003 eu montei o espetáculo “Espanta Gato” aqui em Santa Rita, e graças a Deus o espetáculo foi muito bem visto na USP, eles gostaram muito, o prefeito na época Severino Maroja nos ajudou e passamos uma semana no festival. Já no dia 07 de setembro desfilamos com uma facha descrevendo sobre a aceitação do Espetáculo em São Paulo; lá divulgamos a cidade, por meio de material expositivo. Recebemos um troféu e desfilamos com ele, mas que hoje não tem mais nada disso na Prefeitura, perdemos tudo com a transformação do teatro no Banco (Governo de Marcus Odilon) infelizmente perdemos todo nosso material cênico que tínhamos lá.
Eu fui pra Portugal para o festival em Faro, passamos em Fátima, fui com o apoio do Prefeito Severino Alves Barbosa Filho (Netinho). Conheci ele em Várzea Nova há tempos atrás, sempre nos apoiou. Agora prefeito, nesse fase transitória, bastou o ofício chegar nas mãos dele que ele disse: “Libere o dinheiro, quero que Jacinto viaje pra Portugal representar nossa cidade lá”.


SIÉLLYSSON - Você falou comigo antes de começarmos a entrevista que você não faz política você faz arte...
JACINTO - Sim, faço arte e tenho que agradecer ao prefeito Netinho, que é político, que me ajudou a realizar este trabalho, que se não fosse ele, nós não teríamos como ir.
SIÉLLYSSON - Completando a frase (risos)... esta é sua missão. (Ele rir) sim.
SIÉLLYSSON - Que mensagem você deixa aqui para quem quer se enveredar por este caminho da arte, do teatro, do cinema?
JACINTO - Olha, é uma batalha árdua que eu venho enfrentando há muito tempo. Quem pretende começar que tenha força de vontade, coragem e enfrente o que vier. Tenha fé em Deus, pois Deus é o pilar que sustenta tudo.

Entrevista realizada em 2015.



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