quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Entrevista com o jovem pianista Dhiego Heráclito para Café com Siéllysson



Entrevista 21


Iniciou sua carreira de pianista na Igreja Batista, dedicou-se a música clássica até se apaixonar pela música popular, pelo Jazz. Tocou nos Estados Unidos, Nova Zelândia, hoje está no Brasil e sua pátria é o amor à música, Dhiego Heráclito é mais um santarritense que faz a diferença.

Já viajamos juntos para cidades interioranas da Paraíba, já tivemos muitas crises de risos na adolescência, ele tocou no lançamento do meu primeiro livro.  Acompanhei sua carreia à distância, seu nome foi dos primeiros que pensei quando tive a ideia da seção “Café com Siéllysson”, porém desde sua vinda para o Brasil, nosso tempo foi de desencontros, mas quase duas horas de entrevistas e conversas que não vão entrar aqui nesta seção me fizeram admirar muito mais esse pequeno grande homem.

SIÉLLYSSON – Como foi trabalhar numa banda de jazz norte-americana?
DHIEGO - Foi um trabalho que começou aqui no Brasil, não a Big Band que a gente tinha lá, mas no Brasil a gente tinha um grupo reduzido de uma Big Band, bem mais fácil e mais prático de ser trabalhado do que uma Big Band, que requer muitos instrumentalistas, dá mais dor de cabeça por trabalhar com muitas pessoas. Trabalhei com um grupo de Jazz no restaurante Fellini, mas que infelizmente teve que acabar devido à viagem. Lá nos Estados Unidos eu dei continuidade a esse trabalho com uma Big Band, um grupo de jazz com mais ou menos 40 componentes. Foi uma novidade porque nunca tinha trabalhado com um grupo tão grande. É prazeroso, mas complicado. Trabalhar com muitos instrumentalistas e você tem que encontrar o seu espaço naquele grupo. Você tem que descobrir qual é o seu papel na Big Band como pianista.

SIÉLLYSSON  - Havia brasileiros com você na Big Band?
Não nessa Big Band. Lá existia um pianista e aí, graças a Deus eles gostaram do meu trabalho e contrataram sem precisar tirar o outro pianista. Ficamos revisando nas músicas.

SIÉLLYSSON – Como surgiu essa oportunidade de você tocar nessa Big Band já que você foi para os Estados Unidos sem conhecer ninguém?
DHIEGO - O pessoal passando pelas salas de estudos na Universidade... lá tem sala de estudos de piano, ouviram e disseram ao regente “olha, tem um menino brasileiro ali que toca bem. Ele é brasileiro mas não só toca bossa não, ele improvisa também”. A ideia da Big Band é a improvisação, dão o tema e depois tome improvisos.

SIÉLLYSSON – Quanto tempo você passou nessa banda?
Eu entrei na banda três meses depois que cheguei aos Estados Unidos e aí fiquei até voltar para o Brasil, então, foi entorno de 9 meses.

SIÉLLYSSON – Como surgiu a ideia de ir para Nova Zelândia e fazer uma carreira musical lá?
DHIEGO - Quando eu comecei lá na Nova Zelândia meu papel era totalmente diferente, no início não tive nenhuma função como músico, eu era músico em casa, para sociedade eu tinha um trabalho numa empresa de transporte. Meu objetivo era exatamente este conseguir estabilidade financeira para manter minha família para depois entrar de cabeça na música. No decorrer dos três primeiros anos isso foi acontecendo com mais frequência, a música estava se tornando mais significativa, do que o trabalho em si. Foi uma experiência muito gratificante, conheci muitos neozelandeses que tinham afinidades com músicas brasileiras e aí se encaixou, um baixista gostavam muito de nossa música...

SIÉLLYSSON  - De qual estilo?
DHIEGO - Bossa Nova, música latina em geral. Infelizmente devido ao terremoto tivemos que voltar para o Brasil.

SIÉLLYSSON – Como foi à readaptação no Brasil para você que já tinha feito parte de um grupo de jazz, murou noutros países com músicas diferentes e voltar para o Brasil? Hoje o que você toca?
DHIEGO - Voltar para o Brasil me faz relembrar a Nova Zelândia quando cheguei lá pensei: “vou conseguir um trabalho em qualquer área para, estudar e entrar no ramo da música”. No Brasil, está sendo mais ou menos nesse sentido porque para o que quero fazer o mercado é escasso. O grupo é muito seleto, o grupo que gosta do estilo de música que quero fazer.
Quando cheguei ao Brasil tive que iniciar no comércio do meu pai, num horário e noutro dando aulas de inglês para eu ter minha estabilidade financeira para poder fazer o meu trabalho de músico paralelo a essas atividades. Hoje já não estou mais no comércio do meu pai...

SIÉLLYSSON – Está vivendo da música?
DHIEGO - Isso. Mas ainda dou aulas de inglês que é uma carga horária pequena semanal. Mas se eu deixasse as aulas de inglês hoje eu conseguiria viver da música tranquilo. Sem nenhum problema!

SIÉLLYSSON – Hoje você está tocando num restaurante francês aqui em João Pessoa. Qual estilo musical você toca: francesa ou jazz norte-americano?
DHIEGO - O público do restaurante francês é um público que realmente me identifico, porque eles gostam de jazz, são pessoas que viajam para fora do Brasil, conhecem outras culturas, estão lá para escutar música francesa, jazz, bossa nova. Você está tocando aí chega um pedido Frank Sinatra... É um trabalho muito gratificante. No outro restaurante é um trabalho onde faço piano solo com um público mais misto, todos os estilos de gostos... Foi bom para mim como profissional, toco todos os lados da música, do bolero, baião, bossa, às vezes sai até uns bregas estilizados (rir). Não esses bregas de plásticos; já que o povo gosta faço adaptação para piano que não soei tão brega, mas algo bem estilizado. No restaurante francês estou lá dois anos; agora toco com o violonista Rinaldo Vitorini (já entrevista neste blog) A gente sempre está alternando os dias. A vantagem para mim é que lá no restaurante é um piano acústico, meia calda, o que tem modificado minha técnica, que é diferente estudar num piano digital. É totalmente diferente. Hoje tenho um repertório de mais de 600 músicas.

SIÉLLYSSON – Você também faz um trabalho como pianista numa igreja evangélica. Fale um pouco sobre essa experiência.
DHIEGO - Foi na igreja onde tudo aconteceu e até onde hoje tenho desempenhado esse papel como um levita. Sou pianista do Coro da Igreja Batista Evangélica de Jaguaribe e não é simplesmente um coro qualquer; não é um pessoal que se junta para cantar. É feito um trabalho vocal com especialista que a igreja paga, eu sou remunerado como músico. Nossos músicos são todos remunerados. Agora mesmo nesse dia 22 (setembro) estaremos gravando nosso DVD, não é comercial, mas para levarmos nos lugares que nos apresentamos, festivais... As pessoas perguntam se temos algum material. Então, queremos fazer esse trabalho para esse público que quer escutar um coral de qualidade em casa.

SIÉLLYSSON – Qual é a sua perspectiva profissional?
DHIEGO - De que futuramente, não muito distante, eu saia do Brasil levando todas as minhas experiências dos Estados Unidos, do Brasil e da Nova Zelândia. A minha volta para o Brasil foi um erro, eu deveria ter focado nos Estados Unidos e ter terminado meu curso de música erudita, eu estava visando muito à música popular acabei abandonando o erudito. A experiência da Nova Zelândia também ajudou, por ter que trabalhar em outras coisas. Agora, quando eu sair do Brasil terei que ter minha independência financeira para me dedicar exclusivamente a música. É nesse momento que vou colocar em prática tudo o que eu sempre sonhei, CD, minhas ideias musicais que tanto almejo.
Hoje eu trabalho com inglês, por ter morado em países línguas inglesas para mim não é nenhum esforço está ensinando inglês, só que a questão da carga horária de ter que está na escola. Dá aulas é bom porque em mantenho meu inglês e me dá a condição financeira para que eu construir minha independência e daqui à um ou dois anos volto para os Estados Unidos, colocando em prática meus sonhos.

SIÉLLYSSON – Você participou recentemente do Festival de Areia-PB. Como tem sido essas participações suas em festivais regionais? No que o público aqui é diferente do público de fora?
DHIEGO - Quanto mais sofisticado a música, mais complicado você toca, menos valorizado você é, porque a cultura do povo ainda é inocente. Se levar Chico Buarque, as pessoas não vão entender o que ele está dizendo, se você leva “eu quero Tchu, eu quero tacha...”, essas porcarias, todo mundo gosta, ninguém quer se esforçar intelectualmente entender o que aquele trabalho está sendo dito, para que intelectualmente aquilo tenha um significado na vida dele. Eu quero simplificar (ar de riso leve) Quanto mais você trabalha numa música, mais o povo acha estranha. Olha, Siél, eu comparo a população de João Pessoa que deve ter em torno de 700 mil, e lá fora tocamos em cidadezinhas de no máximo 20 mil habitantes, e dá de mil por cento em cultura nessa cidade. Eu espero que essa fase boa econômica do Brasil venha influenciar na cultura. Que as pessoas tenham acesso à cultura de qualidade, que consumam coisas boas, que leiam bons livros... falo de cultura em geral, escute uma boa música, vá ao teatro, para que tudo isso faça parte da cultura das pessoas. Veja, a Orquestra Sinfônica da Paraíba se apresenta de graça e o número de pessoas é sempre pequeno. Você ver que o melhores festivais de música estão fora, O Brasil é um país emergente, mas o que me parece é que sempre o valor econômico está acima do cultural, as pessoas querem saber de posses, de coisas materiais e não de cultura, de intelectualidade.

SIÉLLYSSON - Certa vez o autor cubano Reinaldo Arenas (Antes do Anoitecer) disse que a pátria de um escritor era uma folha em branco. E a pátria de um músico?
DHIEGO - Essa é boa! Quando se fala de pátria se fala de amor ao seu país. Pátria de um músico é a música, amor à música, amor este que você agregou a sua vida inteira à música.

SIÉLLYSSON – Você e Rinaldo Vitorinni são músicos santarritense mas que precisaram sair da cidade de Santa Rita por uma questão de sobrevivência cultural. E como você ver a cidade de Santa Rita hoje culturalmente falando?
DHIEGO - Eu já acho João Pessoa morta culturalmente falando. Em Santa Rita não existem nenhum tipo de incentivo a cultura, infelizmente. Quando eu penso em você Siéllysson, pessoa que dentro de Santa Rita, que tem valorizado a cultura. Você se deslocou para cá para fazer essa entrevista... a gente tinha falado sobre a preciosidade que é o tempo, só você ter se descolorado de Santa Rita para essa entrevista e sei que não termina aqui, você vai ter que fazer a digitação, edição, postar no seu site, e tudo isso requer tempo em troca de quê? Da cultura, você não está ganhando nada com isso, ninguém paga nada, nenhum site... A cidade de Santa Rita precisa de pessoas como você...

SIÉLLYSSON - Eu acho que a cidade precisa de memória, a gente já teve músicos famosos que ninguém sabe nada deles, eu não quero que isso aconteça com você e com tantos outros artistas, então por isso o que faço é uma forma de registro, mesmo que isso não seja reconhecido agora, mas vai ficar para sempre essas entrevistas. Esses artistas entrevistados, tem um local de origem: Santa Rita, embora, a cidade não seja tão grande para comportar  talento de todos vocês...
DHIEGO - Até em outras cidades que tem festivais, como Areia, nós estivemos lá. A cidade investe em artes em geral, mas, muitas vezes a questão política, o foco não é a arte em si, por exemplos: várias atrações acontecendo no mesmo horário, achei confuso. Por que não faz uma coisa de cada vez para que o público prestigie a todos? O objetivo não é arte? A gente tem que analisar: “estão realmente querendo divulgar a arte ou divulgação da política, da cidade... e a arte é só um pretexto?

SIÉLLYSSON - Você acha que um dia a realidade de nosso país muda, de focar interesses culturais em vez de interesses políticos?
DHIEGO - Espero que sim, quando se trata de política é complicado dá uma opinião concreta, mas espero que sim; espero que estejam abertos a cultural local. “O que temos de bom para oferecer?” que não pensem “Vamos trazer tal artista porque é famoso e vai trazer turistas para cidade, mas o que temos para oferecer de bom que é nosso? O que a arte dele pode acrescentar de bom?” Não podemos fazer as coisas aleatoriamente, vamos colocar tal músico por que carrega multidões, assim vão colocar só besteiras, porque é o que pega mesmo, como os forrós de plásticos... Um festival de arte tem outro sentido, é valorizar a arte por ela mesma, não porque o cara tem nome. Entendeu?

SIÉLLYSSON - Que conselho você deixa pra quem quer ser um pianista?
DHIEGO - Dedicação, disciplina, treino...

Imagem: do acervo de Siéllysson
Entrevista publicada em  15 setembro 2012 18:12 (sábado)

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Entrevista com o produtor cultural Adriano Araújo para Café com Siellysson



Entrevista 20


Ele é Ator, Professor, Coreógrafo, Diretor artístico e Produtor Cultural, atuou numa ONG Pro Dia Nascer Feliz e tem uma longa trajetória na Arte deste município. Adriano Araújo é mais um santarritense que faz a diferença.


SIÉLLYSSON – Quando começou sua vocação para o trabalho de produtor cultural, pois é isso que você fazia na ONG "Pro dia Nascer Feliz”, não é?
 ADRIANO - Na verdade eu venho de uma família de artistas onde minha infância foi convivendo com meus pais produzindo os shows musicais dos meus irmãos. Minha casa sempre foi um espaço de produção cultural a exemplo de blocos carnavalescos, batucadas, artes plásticas entre outras. Sou educador físico de formação, participei de curso de Iniciação e formação Teatral pela FUNESC – Fundação Espaço Cultural e estudei danças em várias escolas de João Pessoa e Santa Rita e como agente e ativista cultural, resolvi produzir minhas vontades culturais.

SIÉLLYSSON – É de longas datas o trabalho com a terceira idade que tanto você quanto sua irmã realiza, mas iniciou-se quando vocês eram funcionário da prefeitura, com a mudança de governo, não houve mais espaço ou vocês resolveram levar de maneira independente esse trabalho? E por quê?
ADRIANO - Não houve mais espaço, isso nos estimulou a buscar a independência, surgindo assim a ONG Pro Dia Nascer Feliz, que temos como espaço físico a casa de Luiza flores como sede provisória.

SIÉLLYSSON – Sua irmã é muito conhecida pelas produções artísticas e pelo lado criativo dela. A ideia de oficializar todos os anos de trabalhos voluntários ou não no mundo artístico, por meio de uma ONG veio de quem sua ou dela?
ADRIANO - Dos dois, participamos de um governo municipal e quando saímos decidimos dar continuidade as ações culturais de forma independente, então veio um convite de um grupo de amigos a exemplo de Marcos Ferraz, Marcelo Gomes, Virginio Veloso, Luíza Flores, Denise Miranda, Chiara Louise, Ricardo Nunes, Oscar Duarte, Rosa Bandeira entre outros, para criarmos uma instituição voltada para atender a população no sentido de contribuir para a inclusão social através das políticas culturais, esportivas, educacionais e ambientais.

SIÉLLYSSON – Por que a ONG tem um nome que foi retirado de uma frase da música de Cazuza? Deu algum problema com direitos autorais?
 ADRIANO - Achamos a frase muito esperançosa e forte, mandamos um email para a mãe de Cazuza e ela não autorizou alegando que toda a obra de cazuza tinha que gerar receita para a fundação Viva Cazuza. Tentamos explicar que nosso trabalho era sem fins lucrativos e que se o mesmo fosse vivo ficaria orgulhoso por esta ação. Mas não obtivemos sucesso, daí consultamos um advogado e ele sugeriu a utilização da frase sem atrelar a imagem de Cazuza. Chegamos a uma conclusão de utilização do sol em forma de um mascote representado o dia nascendo feliz.

SIÉLLYSSON – A parceria da ONG “Pro Dia Nascer Feliz” com a Empresa Alpargatas deu uma levantada nos trabalhos de vocês, principalmente na área de esportes que é sua área. Como aconteceu essa parceria?
ADRIANO - Sou educador físico de formação, participei de curso de Iniciação e formação Teatral  pela FUNESC – Fundação Espaço Cultural e estudei danças em várias escolas de Joao Pessoa e Santa Rita. A ONG surgiu em 13 de agosto 2005, foi elaborado um projeto chamado Dançando na Melhor Idade, onde o mesmo tem uma abrangência de ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa utilizando a dança, o teatro, a recreação e o lazer. No ano seguinte foi escrito o projeto chamado Ciranda Cultural e Esportiva que tem como objetivo principal reduzir a evasão escolar, melhorar o rendimento do aluno na escola e contribuir para a cultura de paz. Apresentado ao Instituto Alpargatas a ONG PDNF Foi contemplada com a parceria, onde mais de dois mil estudantes de Santa Rita já foram beneficiados. O projeto oferece oficinas sistematizadas  de teatro, danças populares, percussão, canto coral, violão, futebol de campo e futsal, além de um calendário de eventos em nossa cidade com ações abertas e gratuitas para a população , tais como: Bloco Foliões da Melhor Idade,  Arraiá Pro Dia Nascer F eliz,  Projeto É Hora de Brincar,  Mostra Cultural, Esportiva e o  Auto de Natal. A parceria com o Instituto Alpargatas rendeu bons frutos, a ONG aprovou outro projeto chamado Educando pelo Esporte através da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, contemplando cinco cidades Paraibanas, sendo elas: Alagoa Nova, Guarabira, Mogeiro, Ingá e Serra Redonda, o objetivo do projeto e implementar as aulas de educação física escolar realizar os jogos escolares, uniformizar os estudantes e professores nas aulas de educação física e capacitar os professores através de formação continuada com temas transversais além de distribuição de kits esportivos e didáticos para as 50 escolas selecionadas pelo projeto sendo 10 de cada cidade. Já foi finalizado o Educando pelo Esporte I, está em andamento o Educando Pelo Esporte II, aprovado o “Educando pelo Esporte III” para o próximo ano e o BNB Cultural para realização do Auto de Natal no corrente ano.

SIÉLLYSSON – Como você mesmo citou o trabalho da ONG tem crescido muito, tem o trabalho com a terceira idade, O Auto de Deus, trabalhos educativos e Esportivos em escola. Qual desses lhe trouxe maior realização pessoal?
ADRIANO - Quando ainda era estudante de educação física, no segundo período tive a oportunidade de conhecer um asilo chamado ASPAN – Lar Fabiano em João Pessoa, isso foi paixão a primeira vista pela pessoa idosa, então naquele momento falei pra mim mesmo “eu vou estudar o envelhecimento e levar a dança como ferramenta para a reinserção do idoso na vida social” e nunca mais parei de estudar, onde a cada dia sinto mais prazer em trabalhar com pessoas idosas. Hoje chamam o asilo de instituição de longa permanência, mas para mim continua sendo asilo. Gosto de tudo que a ONG realiza, adorei o tempo que passei na mesma. Mas a paixão pela terceira idade fala mais alto dentro de mim. "O idoso não pode ser visto como um fardo, mais sim como uma fonte de experiência". Frase da Minha orientadora Professora Doutora Rosilene Guedes Lucena.

SIÉLLYSSON – Você teve um trabalho na ONG que é santarritense, é concursado em outros municípios, mas escolheu João Pessoa para viver. Por quê?
ADRIANO - O que me fez morar um tempo em outra cidade foi à falta de espaço de trabalho e valorização profissional para com a minha pessoa.  Além da magoa que guardo dentro de mim até hoje pela destruição do teatro/oficina de artes e do Grupo de Cultura Popular Massapê onde dancei e aprendi muito sobre o folclore brasileiro. Eu costumo dizer que uma cidade sem investimentos na cultura gera um povo sem identidade. Além disso eu precisava sobreviver, então a cidade de João Pessoa e outros municípios me deram a oportunidade de continuar a exercer minha profissão. Eu costumo brincar com o amigo chamado Valdir Lima onde ele me diz que sou pé na estrada o homem das quatrocentas mil cidades. Mas a minha raiz está no antigo bairro do cercado, hoje bairro da liberdade na minha Santa Rita. Lá saí do ventre de minha mãe D. Nena. É o meu berço, onde passei minha infância, adolescência, juventude e a gora a fase adulta, ou seja, toda minha história se encontra ali.

SIÉLLYSSON – O que você gostaria de realizar como obra para poder olhar para trás e dizer; “eu deixei essa contribuição que tanto me orgulho”? Ou o que já fez já lhe realiza como Ser humano?
ADRIANO - Na verdade são várias, a primeira será ajudar a construir a tão sonhada sede da ONG Pro Dia Nascer Feliz, ou seja, um centro cultural onde os santarritenses poderão se alimentar de leitura, música, teatro, dança, cinema, culinária, exposições entre outras; continuar lutando pela criação do Conselho de Proteção ao Idoso e sua funcionalidade e  antes de partir para outra vida, estrear um espetáculo dirigido por mim no tão sonhado e esperado teatro Municipal de Santa Rita.

Entrevista lançada em 06 agosto 2012 às 00:45

Entrevista com o presidente da ONG ETEV no Café com Siéllysson



Entrevista 19


Luiz Carlos é presidente da ONG Educar para o Trânsito, Educar para Vida, representou a cidade em outros estados e na Suíça. Nesta entrevista ele fala sobre o trânsito em Santa Rita, na Paraíba e no Brasil. Luiz Carlos mais um satarritense que faz a diferença.

SIÉLLYSSON – Quando surgiu a ideia de formar uma ONG que trabalhasse com educação para o trânsito? E por quê?
LUIZ CARLOS - Em 2007 participei da 3º Conferência Nacional das Cidades, em Brasília, durante os debates temáticos de tema TRÂNSITO E TRASNPORTE, nasce à idéia de fazer algo para diminuir a violência nas estradas da Paraíba. Logo que cheguei consegui convencer colegas de trabalho para nos unirmos nessa ação de cidadania, surgindo assim o até então projeto voluntário EDUCAR PARA O TRÂNSITO EDUCAR PARA VIDA, que em 10 de setembro de 2008 realizou sua primeira ação educativa, com o desenvolvimento do projeto nas escolas, igrejas, empresas, centros comunitários e vias públicas ganhou força e abriu caminho para a criação e registro da ONG que recebera o mesmo nome do projeto, ou seja, ONG Educar para o Trânsito Educar para a Vida - ETEV. Porque enquanto cidadão e por ser mais um componente desse trânsito que mata mais de 40 mil pessoas por ano e deixa outras 500 mil gravemente feridas, não poderia ficar alheio a esse grave problema de saúde pública. E também pelo foto de pesquisas revelarem que mais de 90% dos acidentes de trânsito o fator determinante é humano e as ações da ONG ETEV têm essa finalidade de educar, sensibilizar e conscientizar crianças, jovens e adultos para que se tenham um comportamento adequado no trânsito, e conseqüentemente, reverter às Estatísticas da violência no trânsito.  

SIÉLLYSSON – A ONG existem desde 10 de setembro de 2008, você percebeu uma mudança no trânsito na cidade de Santa Rita desde a existência de vocês como organização voltada pra o trânsito? Quais contribuições o trabalho de você s trouxe para cidade?
LUIZ CARLOS - Sim, mesmo que timidamente durante esses quatros anos de existência da ONG ETEV já foram contempladas com nossas atividades mais de 10 mil pessoas e esses cidadãos principalmente nossas crianças receberam dicas de boas práticas no trânsito e crianças bem orientadas aprende e esse aprendizado é colocado em prática no dia-a-dia na ida e vinda da escola. Com relação às contribuições foram muitas e irei nomear algumas: 1º Mobilização da sociedade na busca de um bem comum haja vista que hoje a ONG registra mais de 20 voluntariados que atua nas ações de cidadania diretamente e mais de 70 indiretamente, 2º através de nossa solicitação foi colocadas placas de sinalização na PB-OO4 no trecho vai da Cincera a praça de Bayeux, e também algumas Faixas de pedestres em pontos da cidade, 3º votos de aplausos da assembléia legislativa da Paraíba e medalha de honra do trânsito paraibano pelos serviços prestado a sociedade, 4º sendo motivo de destaque na tribuna do senado federal em virtude do exemplo de cidadania para o País, 5º destaque nos telejornais e portais de notícia do Estado, do Brasil e do mundo levando o nome de Santa Rita positivamente, 6º criação do Dia do Trânsito Consciente, 7º hoje temos parceria instituições internacional que está nos permitindo desenvolvimento do Projeto Zona Escolar no Trânsito que irá implantar mecanismos de segurança para o trânsito em volta da Escola Índio Piragibe, no Alto Popular. Isso tudo nos deixam bastantes satisfeitos pelo fato de divulgar positivamente o nome de nossa cidade.

SIÉLLYSSON – Qual a emoção de receber o prêmio VOLVO de Segurança no Trânsito em Curitiba-PR?
LUIZ CARLOS - Muito grande foi minha emoção e fiquei muito honrado de representar Santa Rita e nossa Paraíba.     

SIÉLLYSSON - Como parte da premiação do Prêmio VOLVO, você ganhou uma viagem para representar a Paraíba e seu projeto na Suécia, um dos três países mais seguro na área de trânsito do mundo, que sensação você teve ao ver um trânsito tão organizado comparando-o com o nosso? Acredita que um dia teremos uma organização parecida nas ruas?
LUIZ CARLOS - Ao chegar naquele País, tive a sensação de perceber que o Brasil tem muito que fazer para mudar a realidade do trânsito, e ao mesmo tempo tive a confirmação que para diminuir as mortes nas estradas os governantes têm que investirem pesadamente em Educação, infra-estrutura viária, fiscalização e punição. Só pra vocês terem uma idéia, em 2010 no BRASIL morreram 38 mil pessoas no trânsito, enquanto que na Suécia morram 287 pessoas.  Acredito que se for implantado a educação para o trânsito de verdade nas escolas e junto a isso mais rigor no comprimento de nossa Lei, não tem dúvida que no futuro teremos um trânsito de PAZ.

SIÉLLYSSON – De acordo com uma solicitação da ONG ETEV à Câmara Municipal de Santa Rita que aprovou a Lei que instituiu o dia 14 e maio como o “Dia Mundial do Trânsito Consciente”. Porém, o trânsito de Santa Rita é sem sinalização, sem fiscalização, é caótico em grande parte da cidade? O que você pensa sobre isso?
LUIZ CARLOS - É verdade! Mas em toda caminha temos que dá o primeiro passo e isso nossa entidade já o fez e iremos caminhar para mudar essa realidade do trânsito de Santa Rita. Primeiro dando meu exemplo no trânsito em seguida cobrando dos órgãos e dos gestores que cumpram o CÓDIGO DE TRÂNSITO e que cumpram nossa CONSTITUIÇÃO NO SUE ART. 23 parágrafo VII.

SIÉLLYSSON - A empresa de coletivos de Santa Rita, que faz o percurso Santa Rita- João pessoa, é alvo de críticas nas redes sociais como Facebook. Não corresponde a necessidade de uma cidade tão grande, onde parte dela fica desprovida da via dos transportes. O que você tem a dizer sobre isso?
LUIZ CARLOS - Uma observação: Acho que essa pergunta não deveria ser incluída nessa entrevista e sim em outra, cujo tema tratasse de transporte coletivo, porque entendo que ela foge do objetivo que é falar das ações de cidadania da ONG ETEV. Mesmo assim irei falar o que acho do transporte coletivo de Santa Rita e irei falar primeiro na qualidade de gerente de tráfego da Rodoviária Santa Rita; segundo na qualidade de um pesquisador na área de transporte em varias capitais do BRASIL e por fim na qualidade de cidadão e presidente da ONG ETEV. Reconheço que o serviço de transporte coletivo de Santa Rita tem muito que melhorar, com relação às críticas dos usuários tem todo direito de cobrar um melhor serviço de transporte, recentemente a BAND E TV RECORD exibiram uma série de reportagens que mostravam o transporte público no Brasil; o que vi naquelas reportagens e também pessoalmente em Brasília não é muito diferente da nossa realidade e nesses locais também é alvo de crítica e revolta da população, afinal quando somos consumidor temos de reclamar sim e o sistema de transporte público no Brasil passa por muita dificuldade. Mas falando especificamente da Rodoviária Santa Rita te afirmo que desde 2011 a direção da empresa vem fazendo sua parte para melhorar sua prestação de serviço, renovando sua frota, foram nove ônibus semi-novos entregues a população, quatro deles adaptados para acessibilidade, implantado em toda frota circuito interno de câmara, frota monitorada com GPS para melhor controle do comprimento dos horários e desvio de itinerário e como não poderia de ser investido principalmente na requalificação dos seus colaboradores. Isso tudo ainda é pouco temos que fazer muito mais. Mas, amigo, também temos que citar alguns pontos que levaram e ainda leva a “tanta crítica ao transporte de Santa Rita”. Todo o anel viário onde circulam nosso transporte não oferece condições alguma para o bom serviço de transporte e isso contribui e muito com os atrasos, com as quebras, você conhece as paradas de ônibus de nossa cidade sabes que não existem abrigos, não temos organização no trânsito tanto dentro de nossa cidade com na Av. Liberdade, em Bayeux; na Liberdade diariamente os ônibus ficam preso nos congestionamento e isso agrava os atrasos e quem estar, por exemplo, em uma parada de ônibus esperando não quer saber que tem vários ônibus presos no trânsito que chegar ao seu destino. Temos em João Pessoa e serviço de transporte muito bom mesmo assim escuto reclamação de usuário no Rádio, O sistema de transporte público de João Pessoa é um dos melhores do país, mas vejam os motivos: onde circulam os ônibus pavimentação adequadas, abrigos para os usuários esperarem o ônibus, fiscalização de transporte ilegal, cobra e também dá as condições para empresas operarem.
Agora vou te dá um exemplo que vem acontecendo em Várzea Nova todos os finais de semana: A RUA DA MANGUEIRA onde circulam os ônibus não se encontra em condições de trafego, se restando à opção de RUA DA ALEGRIA, só que nos finais de semana os feirantes interdita essa rua para feira livra, obrigando os ônibus a circular pela BR-230, Mas a população reclama da empresa e não da prefeitura. Mas temos que superar as dificuldades e melhorar, melhorar e melhorar. E te afirmo que estamos no caminho, primeiro renovando nossa frota e segundo cumprindo as orientações do órgão gestor DER, que vem cobrando uma melhora a cada dia do sistema de transporte coletivo da região metropolitana.

SIÉLLYSSON – Por que escolheu a cidade de Santa Rita para trabalhar com uma ONG?
LUIZ CARLOS - Pelo fato de morar, da minha família ser, por trabalhar, e dos meus amigos serem de Santa Rita

SIÉLLYSSON – Que mensagem você deixa para os leitores deste blog? 
LUIZ CARLOS - Olá caro internauta, o Brasil ainda possui um dos trânsitos mais violento do mundo e essa triste realidade vem se agravando a cada dia. Não podemos esperar que só o setor público atue nessa questão. Mudar a realidade do e no trânsito brasileiro também é um dever da cada cidadão. Afinal todos nós fazemos parte desse trânsito. Portanto não irei pedir para você mudar o seu comportamento no trânsito, primeiro irei mudar o meu. O trânsito só muda quando a gente muda – PARA, MUDE E PENSE!

CONTATOS:
 Luiz Carlos André : inetev@hotmail.com Twitter: @ongetev
IMAGEM: Luiz Carlos recebendo o Prêmio VOLVO, Curitiba-PR
Entrevista publicada em  05 agosto 2012 17:27 (domingo)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Entrevista com o músico Alan Pear para Café com Siéllysson



Entrevista 18



Sua casa é um estúdio, seu ar tem sonoridade que cantarola durante um papo e outro, gestos quase teatrais, gargalhadas com ritmos musicais e um brilho nos olhos de quem é apaixonado, sua paixão tem um nome: música. Assim é o santarritense Alan Pear.

SIÉLLYSSON - Você já trabalha com música há muitos anos. Quando foi que você despertou para essa arte?
ALAN: - Creio que por volta dos meus 5 ou 6 anos de idade. Eu já desenvolvia umas melodias. Desde criança eu me descobri compositor. Acho um tanto fenomenal porque eu estou assim a toa, do nada as músicas surgem. Tem sido assim desde criança, eu pegava uma folha de papel dobrava no meio, e dos lados eu colava tornando-se um envelope. Noutro papel eu recortava em círculo e no meio eu desenhava o selo do vinil, fazia círculos dizendo que eram as faixas. Eu tinha pelo menos duas bandas imaginárias (Ele rir e se diverte com as lembranças) Eu colocava o disco na “vitrola” e como os rap´s eu fazia os instrumentos na boca e cantava ao mesmo tempo. Meus pais tiveram que conviver com este louco toda minha infância. (rimos juntos)

SIÉLLYSSON – Você teve uma banda Dolfhins de 2003 e lançaram um álbum em 2007. Os shows que vocês faziam eram com músicas de vocês ou de outros artistas?
ALAN: - Esta história começa antes de 2003. Reencontrei um amigo em meados dos anos de 1990, Robson Feoli, ele me disse que estava tocando violão, eu falei pra ele “cara, eu tenho umas composições”. Então a gente retornou nossa amizade e dela surgiu uma parceria na música. Ele ia lá em casa e cifrava as músicas.
Em 2003 ele me apresentou alguns programas de computadores para gravação. Tive em choque como todo mundo tem quando se depara com as novidades tecnológicas.
Ele queria produzir a música que abre o CD, Sobre botas, tudo partiu dali. Quando percebi que poderia materializar minhas músicas foi aí que surgiu o Dolphins. E nós passamos 3 anos enfurnados dentro de um quarto e gravamos o disco (Hi-tec lo-fi) nós mesmo bancamos o disco e conseguimos lançá-lo em setembro de 2007.

O Grupo Dolphins - Imagem do acervo pessoal de Alan Pear
SIÉLLYSSON – De onde vieram suas inspirações para compor o primeiro álbum (Hi-tec lo-fi)? Ele teve uma temática ou ele foi uma junção de várias músicas que não necessariamente teve que recorrer a um tema?
ALAN: - O disco não é conceitual, ele não é temático; como teve uma parceria com Robson Feoli, houve uma partilha que teve 10 faixas. Ele ficou com 3 faixas no disco porque na época ele tinha menos composições e eu fiquei com as outras 7, só que uma é instrumental. Minhas inspirações são as mais variadas. A faixa 1 e 3 do disco são mais autobiográficas mesmo, eu sou o meu objeto, minha essência está ali nessas duas músicas.

SIÉLLYSSON – Compor é algo fruto de uma inspiração, falo das letras suas, são sentimentos, emoções ou arte pela arte, vendo a métrica, melodia perfeita, vendo a rima correta?
ALAN: - As duas vertentes fazem parte do meu método de trabalho. Por incrível que pareça eu tenho método, (risos) mas como eu lhe falei as músicas me surgem assim involuntariamente. Outro processo que eu gostaria de falar é quando estou dormindo ou na etapa da transição do sono...  Vem...vem...vem com se cantassem no me ouvido, salto da cama pego meu gravadorzinho e balbucio qualquer coisa dentro daquela melodia, guardo e depois vem a parte propriamente metódica.
Primeiro, tem que ser noite, tem que ter bastante silêncio, tenho que me sentir bastante só, como se no mundo só existisse somente eu. Aí a letra vem, pode ser um sentimento, uma revolta, uma exaltação à natureza seja Biológica, humana, ecológica. Mas também faço algo mais exato. Sempre de uma forma ou de outra priorizo pela musicalidade das palavras, mas que a expressão delas me diga alguma coisa, não palavras por palavras.

SIÉLLYSSON – Você está na produção do seu primeiro CD solo denominado “Colmeia”, este álbum é temático?
ALAN: - Posso lhe dizer que ele é mais temático do que o Hi-tec lo-fi que é “Alta tecnologia para baixa fidelidade”. O tema está dizendo que a gente utilizava a alta tecnologia que tínhamos disponível na época, que hoje é absoleta, mas com poucos aparatos analógicos. Como você mesmo vê... (apontando para sua sala de gravações, um estúdio caseiro). Fugi um pouco da pergunta, né? (risos – volta pergunta)
Colmeia pode ser considerado um álbum temático mesmo assim não é um álbum conceitual. Não é um “The Wall.” do Pink Floyd.

SIÉLLYSSON – Mas você estudou, pesquisou para compor este álbum Colmeia?
ALAN: - Eu to muito envolvido, não academicamente, mas estou envolvido com assuntos que têm permeado sobre internet, à rede como um todo e os acontecimentos atuais, transições planetárias que muitos tem se referido e à ciência tem corroborando com isso. Até se vê profecias apocalípticas de alguns. Então toda essa coisa cibernética da sociedade de consumo e de informação. Há uma ebulição de tudo isso, há uma superpopulação. Eu ando de coletivo e “Nossa! Como tem gente pra descer de um ônibus quando ele para, e uma quantidade maior de pessoas pra subir”. É impressionante a superpopulação e tudo isso tem mexido com muitos artistas no mundo, tenho sentido eles como se fossem meus irmãos e ando numa sintonia muito fina com eles, então “Colmeia” é um disco que está preocupado com o hoje, com o urgente, com as relações humanas, a frialdade nas relações, noutra faixa há uma música que trata da ganância por dinheiro.
“Colmeia” está próximo das teorias do Marc Halévy sobre a Era do Conhecimento e das teorias de Manuel Castells sobre a Sociedade em Rede, sobre virtualidades e afins. Colmeia está bem voltado pra essa visão.

Alan em pesquisa de campo sobre as colmeias
SIÉLLYSSON – Você hoje é um underground por que produz seu próprio CD, sua gravação, sua arte, que agora está se materializando num novo trabalho sem gravadora, sem patrocínio, sem grandes investimentos para isso, ou ser underground é um estilo seu?

ALAN: - Um Underground é diferente do Mainstream. Quem está no mainstream está no Faustão, está na Record, está na Fazenda, vendendo, aparecendo... Muitas vezes ofuscando muita gente talentosa, marginalizada.
A não ser que a Prefeitura de Santa Rita criasse um grande complexo de mídia como nós temos no sudeste do Brasil, até mesmo em Pernambuco. A não ser que fosse assim, aí a gente poderia criar um panteão de grandes nomes santarritenses, porque é muita gente talentosa nessa cidade.
Eu sou underground para padrões locais, veja bem, não é um estilo de música que as pessoas estejam consumindo. Não tá na boca do povo, não tá nas rádios, mas se fosse fora do Brasil a minha música que tem uma forte influência de bandas internacionais, bandas da Escócia, da Irlanda, da Inglaterra, da Suécia, do Reino Unido como um todo até mesmo da Islândia que me influencia e muito, como é o caso da “Sigur Ros” e de bandas norte-americanas. A música que sai de mim é brasileira porque canto em português mas canaliza muitas dessas influências.

SIÉLLYSSON - Mas você já cantou em inglês.
Já sim, em shows como cover, mas como composição não. Lá fora eu não seria tão underground, porque eu seria visto como um psicodélico, um pop-rock, alternativo algo assim.

SIÉLLYSSON – O seu trabalho tem a inspiração também da banda “Grant Lee Buffalo”. Como você conheceu essa banda e qual a importância dela em seu trabalho?
Fundamental. Essa banda acabou em 1998, mas eu vim conhecer o trabalho dela em 2003. Senti a mesma emoção quando me deparei com a teoria sociológica de Louis Althusser sobre a interpelação, eu tive um estremecimento. Eu disse: “Isso é muito doido, cara.” O mesmo fenômeno eu senti quando estava na loja Música Urbana o dono (Robério) estava ouvindo e tocou a música “Arousing Thunder”.  Eu olhei pra o nada e me estremeci e disse “O que é isso, cara?” Costumo dizer que Grant Lee Buffalo não é uma banda é um acontecimento. Representa muito pra mim.

SIÉLLYSSON – Que mensagem você deixa para quem deseja ser compositor, músico e está lendo esta matéria?
Eu sou aquele que acredita que a música tem que vir acompanhada de informação. Nós não vivemos no século XVIII ou XIX, onde as músicas eram ou tribais ou era a música dita clássica europeia onde as notas falavam por si só. A música que se propõe rock... Eu entendo como uma linguagem e se não há um elemento transformador, pra mim não há rock, o cara pode ser roqueiro, ter o cabelo mais “espirritado” que for, mas se não há elemento questionador não há rock, se não há informação não é rock, temos que cutucar o que está errado.
Alan no lançamento do livro Crônicas com Siéllysson


Imagem acima: Alan Pear e Siéllysson (08 de julho de 2012) 
Entrevista publicada em 07 julho 2012 às 21:35

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