sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Café com Siéllysson entrevista a jovem cantora Ceiça Farias

Entrevista 11

Ela nasceu no teatro, recita poemas e inventa sons no palco que virou sua morada e a música seu alimento. A cantora santa-ritense radicalizada em Rondônia faz sucesso na rádio e nos palcos do Brasil, "Café com Siéllysson" entrevista a  Ceiça Farias.



SIÉLLYSSON – Quando você despertou para a música?
CEIÇA - Na verdade eu nasci com a música em mim, desde pequena eu gostava de imitar algum artista em especial Elba Ramalho. Porém, na adolescência ao descobrir a arte do teatro que é uma linguagem que dialoga bastante com a música,é que realmente eu consegui definir que não era atriz e sim cantora.

SIÉLLYSSON – Você nasceu em Santa Rita-PB onde viveu a maior parte da sua vida, hoje está radicalizada em Rondônia há 11 anos. Qual a importância desses lugares para você?
CEIÇA - Eu sou eternamente apaixonada por Santa Rita e a Paraíba em geral, por toda carga de verdade cultural que exala nos poros e na história dessa gente, que com muito orgulho carrego na minha genética nordestina e na minha história de vida. Vivo há 11 anos em Rondônia, e na sua capital é uma vivencia deliciosa, o Estado tem em sua história imigrantes de todo o País e em sua maioria do Nordeste,ou seja, eu vivo muito da cultura de minha região aqui e compartilho da cultura de todo País com as outras pessoas que aqui residem.

SIÉLLYSSON – Como surgiu a ideia do CD Cordas e Barros? Você teve participação desde a seleção das músicas à criação do design do CD, ou somente se preocupou com a parte da interpretação musical?
CEIÇA - Este projeto me rendeu bons frutos pela verdade que ele apresenta. A ideia inicial partiu do contato que obtive na faculdade com a obra do poeta Manoel de Barros. Eu fiquei extremamente encantada em como o poeta apresenta tanta beleza em seus versos sem rebuscamento e com tanta simplicidade. Partindo da idéia de transformar o simples em belo dentro da música, eu propus o desafio ao percussionista Bira Lourenço de fazer uma pesquisa sonora com objetos construídos do barro, os quais seriam os únicos instrumentos utilizados como base rítmica no show.
Eu tenho naturalmente uma personalidade simples em tudo que faço na vida, e confesso que aprecio muito uma sonoridade mais acústica em meus trabalhos musicais, então optar por instrumentos de cordas como o violino, violão e contrabaixo acústico foi fácil para juntar-se com os sons dos barros nos shows. O CD Cordas e Barros apresenta outros instrumentos além dos citados acima, aliados aos barros como o violoncelo, bandolim e violão de 12 cordas, porém nos shows eu me apresento com a formação mais reduzida. A concepção do CD desde a escolha do repertório (o qual apresenta compositores de Norte e Nordeste) a masterização, criação do design do encarte, enfim toda a parte de produção eu estive presente, apenas na parte de direção musical é que eu deixei por conta de quem entende do assunto excelentíssimo Chico Chagas.

SIÉLLYSSON - Como surgiu a oportunidade de apresentar o Programa Palco En'Canto, de segunda a sexta-feira, das 16 às 17h30, na Rádio Caiari?
CEIÇA - A direção da rádio Caiari me convidou pra produzir e apresentar este programa de rádio, pra mim foi uma experiência maravilhosa pois me possibilitou conceber um programa diferenciado com notícias culturais do Brasil inteiro,entrevistas com artistas do Estado e ainda tocar um outro repertório que não o padronizado pelas rádios locais, e aí se inclui as músicas produzidas em Rondônia e na Região Norte. A produção geral do programa era da Jornalista Rose Viegas, eu fazia a co-produção e foi muito prazeroso apresentá-lo enquanto esteve no ar.

SIÉLLSSON - Depois do Show de lançamento do CD Cordas e Barros (2007), onde você utilizou composições de nordestinos, você realizou juntamente com outras mulheres um espetáculo musical ‘Mulheres de Holanda’ e no ano passado retomou o repertório de Chico Buarque de Holanda no seu novo musical ‘Maria de Chico’. Por que trocou o repertório de artistas regionais para o clássico da MPB?
CEIÇA - Desde que eu gravei o CD Cordas e Barros em 2007 eu não tinha mais elaborado outros projetos e também nenhum show de interpretação de artistas já consagrados, como falei anteriormente o CD me rendeu bons frutos e ainda me rende, do ponto de vista de oportunidades que surgem de shows por vários cantos deste País.
No ano passado eu desejei fazer um trabalho diferente até pra ter outra possibilidade de convites e antes de tudo por se deliciar com a obra de Chico Buarque. Então montei o projeto ‘Maria de Chico’ (ta vendo que o título do show já carrega uma origem Nordestina), do qual nos rendeu várias apresentações no ano passado.
Vale ressaltar que não foi uma troca de repertório (regional por clássico), até porque não entendo o repertório da CD Cordas e Barros como regional, foi apenas mais uma possibilidade de interpretação musical.

SIÉLLYSSON  – Quando virá outro trabalho em CD? Podemos esperar outro CD regional ou mais nacional, com interpretações de Chico Buarque, por exemplo?
CEIÇA - Desejo. Estou trabalhando desde já pra isso e pedindo apoio divino (que é importante),pra lançar mais um trabalho este ano de 2012. Já estou em processo de concepção do trabalho que mais uma vez será temático, eu gosto de trabalhos temáticos e pesquisados, pois acredito que traz mais substancias.
Não tenho pretensão até o momento de gravar um CD com músicas de artistas consagrados, acredito que eles têm a história deles escrita e que por se só se propaga, porém nessa pesquisa que estou fazendo para construir meu próximo trabalho tem uma tendência à algumas intervenções de música de algum artista já consagrado dos anos 40 ou 70. Por enquanto são ideias.
É importante frisar que não concordo com a concepção de música regional implantada pelo mercado fonográfico, ou seja, eles chamam de música regional as músicas que são compostas em determinadas regiões do País e que não chegam à grande mídia e a sociedade comprou esta ideia, porém ninguém chama de “regional” músicas como: Garota de Ipanema,O rio de Janeiro continua lindo, A Bahia estação primeira do Brasil entre tantas outras conhecidas. Será por que se trata de composições  que falam de região sudeste do País? Ou por que a música chegou à grande massa tornou-se universal? É uma discussão muito ampla,mas pra mim a música é universal com suas várias temáticas e composta em qualquer lugar do País, porém umas chegam na grande mídia outras não.Mas não dá pra dizer que tal música é regional porque foi feita no Amazonas ou em Alagoas ou no Rio Grande do Sul.Essa concepção chega a diversos preconceitos.

SIÉLLYSSON – Você acredita que se estivesse em Santa Rita sua carreira artística teria decolado como tem sido nesses anos em que você esteve radicalizada em outro estado?
Acredito que sim, quando eu saí de minha terra natal eu já tinha bons contatos entre os fazedores culturais da Paraíba, então acredito que teria tido boas oportunidades também.

SIÉLLYSSON – Você participou de algumas mostra como Mostra SESC Rondônia de Música. Qual a importância desses eventos para a música regional?
Na verdade eu idealizo e coordeno toda programação de música do SESC Rondônia e acredito bastante na oportunidade de participar de eventos como Mostras de Música, porque é um espaço de diálogos entre os artistas e suas músicas, de aperfeiçoamento no que fazem, pois a mostra oferece workshops,oficinas,mesas,palestras e claro apresentações musicais. Encontro como esse vai além da vitrine a troca de ideias, a confraternização, a formação de parcerias e tudo isso é o que importa.
A imagem acima é a capa do CD "Cordas e Barros"

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