quarta-feira, 3 de abril de 2013

Perfil

Perfil?




Certo dia, estava limpando o porão de minha casa, minha casa ainda tem porão, interessante, né? Pois é, mas ela foi construída numa inclinação geográfica, em outras palavras, ladeira. Minha cidade tem muitas ladeiras e as casas mais antigas tinham porão, a minha ainda tem, é, lá que guardamos muitas coisas, inclusive as revistas que penso que um dia irão me servir, até que serve mesmo! Numa delas encontrei uma entrevista com uma psicóloga de 80 anos, onde o repórter da revista a perguntou se conhecia a si mesma; sua resposta foi sábia ao afirmar que, por mais anos que venhamos a viver, mesmo assim não nos conheceremos por completo e sempre estaremos aprendendo. Daí, pensei, como posso dizer quem sou no perfil das Redes Sociais? Ora, posso dizer do que gosto e do que não gosto, mas não quem sou, pois ainda não sei, é uma questão filosófica ou transcendental e nem Deus me deu esta resposta.

  Mas, há muita coisa que define minha personalidade, e foi isso que fiz, descrevi tudo por meio do que gosto. Veja: Eu tenho um nome diferente, alguns acham “exótico”, eu mesmo não acho, mas me sinto exótico, como certas plantas que vejo e digo “nossa! Que coisa rara,” Isso não quer dizer que seja bom nem ruim, pois ser raro é ter também defeitos raros. Cuido bem dos meus defeitos para superá-los, assim como cuido de minhas plantas.

  Tenho aprendido muito neste ano onde estou sendo regido pelo signo de gêmeos. Tenho mágoas e corujas de pelúcias, alguns CDs raros e qualidades raras também, mas há dias que nem eu me suporto, sendo assim, fico em casa, ninguém merece o meu mal humor. Escrevo muito, estudo menos do que deveria, pois gosto de fazer tudo por prazer, inclusive obrigações, por esse motivo, bebo vinho enquanto ponho minhas cadernetas em dia e tomo chá de maça antes de dormir. Tenho insônia e dificuldade de assistir a TV, entretanto, gosto do Programa do Jô e de outros programas com entrevistas. Gosto de gente, já pensei em fazer um curso de Psicologia ou outro mestrado, desta vez em Antropologia, mas sigo na minha área que é História.

  Acho que em alguns momentos a humanidade é cruel, mas não me sinto vítima dela nem acho que nenhum de nós sejamos, o que nos faltam muitas vezes só são duas coisas: uma depende de nós: coragem; e outra, das pessoas: solidariedade. Mesmo assim, não desisto de crer no ser humano, nem desisto de mim. Às vezes, me sinto um merda; outras, um herói e, assim, caminho em busca do equilíbrio. Fiz Yoga, mas desisti, assim como desisti de aprender inglês tantas vezes; já fui espiritualista, hoje me vejo cientista, algumas vezes desacredito em Deus, outras tenho fé.

  Busco a justiça, faz parte do meu signo, sagitário, busco um amor equilibrado, nem totalmente independente, nem uma relação em que eu precise ser professor, isso deixo para minha vida profissional. Esta me equilibra, mas não quero ser visto apenas como professor, eu não nasci professor, porém o reconhecimento me dá uma sensação de bem-estar, de missão cumprida. Escrevi livros, publiquei alguns; plantei árvores ao lado de minha casa; tenho dúvidas se quero ter filhos. Tenho medo da velhice, mas não acho que ninguém tem obrigação de sacrificar-se pelo outro, filhos não é um seguro, é um ato de amor à humanidade, por isso não se brinca com vidas. Não costumo brincar nem com minha vida e nem com as dos outros.

  Amigos dizem que levo tudo muito a sério, seja a questão da água, até mesmo coisas corriqueiras. Fazer o quê? Sou intenso em tudo! A vida é uma arte cheia de mistérios, mas tudo não passa de códigos elaborados por Deus. Alguns nem fazem questão de entender, outros passam a vida inteira em busca. Alguns se tornam imortais para os homens por decifrar poucos códigos, Einstein é um exemplo disso. Outros ganham dinheiro tentando vender um método de “não levar a vida muito a sério”. Não vim ao mundo para assistir a vida passar, vim para ir à luta. Odeio covardia e injustiça. Sou vaidoso e me admiro, mesmo me sentido feinho, às vezes; outras, eu digo para mim mesmo “Oh, Cabra feio da peste!”, depende da lua e, quando a lua está bem, eu digo para mim no espelho: “Eu namoraria comigo mesmo”.

  Sinto tesão pela vida, depende do dia, é claro! Tem certos dias que gostaria de estar em outra dimensão, pois me canso deste plano, mas não da vida, pois acredito em um mundo melhor, só não sei se estarei aqui ainda quando nosso país for mais justo e as pessoas menos egoístas.

  Penso muito antes de dormir e como chocolate. Odeio fotografia 3x4 e gente que acha que todas as pessoas do mundo são injustas. Ora, será que não pensam que elas têm um olhar turvo sobre a humanidade? Já conheci gente linda, justa, feliz que não sabe de geografia, economia, história ou qualquer outra forma de ciência. Elas preenchem minha alma, deixo-as guardadas para momentos especiais e de reservas, tomo vinho, café ou chá com elas, outras vezes tomo um rumo na vida com suas palavras e sabedoria. Ficarei triste no dia que terei de deixá-las ou elas me deixarem para seguir noutro plano, que não sei exatamente como é lá. E quem sabe? Só temos teorias, estas nos ajudam a viver e a esvaziarmo-nos da poeira da vida. Não consegui me defini neste perfil que pus numa página de relacionamentos, mas defini o que penso e sou o que penso, por isso mudo quando repenso determinados valores e causas. Geralmente repenso se minhas atitudes estão me fazendo um ser feliz e aos outros também. Acredito que não é fácil viver, mas acho que é mais difícil morrer, por isso gosto tanto da vida, e fujo da morte. Um dia, eu sei, ela me encontrará.

(Crônica: Perfil? autoria: Siéllysson)

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